Ministra do STF cobra apuração de estupro e morte de menina ianomâmi
A ministra abriu a sessão dizendo que as mulheres brasileiras, entre elas as indígenas, são vítimas de "descalabro de desumanidades"
Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou que seja realizada uma investigação para o consequente esclarecimento das razões que levaram a morte de uma menina ianomâmi de 12 anos em uma comunidade na região de Waikás, em Roraima. De acordo com os relatos, a menina teria morrido após ter sido estuprada por garimpeiros.
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Nesta quinta-feira (28), a ministra abriu a sessão dizendo que as mulheres brasileiras, entre elas as indígenas, são vítimas de “descalabro de desumanidades”. “Essa perversidade, acho, senhor presidente, é a minha palavra, não pode permanecer como dados estatísticos, como fatos normais da vida. Não são. Nem podem permanecer como notícias”, disse a ministra se dirigindo ao líder da Corte, o ministro Luiz Fux, que classificou o caso como “gravíssimo”.
“Não é possível calar ou se omitir diante do descalabro de desumanidades criminosamente impostas às mulheres brasileiras, dentre as quais mais ainda as indígenas, que estão sendo mortas pela ferocidade desumana e incontida de alguns”, completou a ministra, finalizando que esses crimes não podem virar apenas estatísticas.

A morte da menina indígena foi divulgada na noite de segunda (25) por Júnior Hekurari Yanomami, que é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY) e um dos líderes desse povo. Nas redes sociais, ele relatou que, além da menina morta, há o registro de uma pequena de três anos desaparecida. Ela, segundo o líder do conselho, teria caído no rio Uraricoera.
Além da ministra do STF, outra autoridade a se manifestar foi Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República. De acordo com ela, o Ministério Público Federal (MPF) está investigando o caso e todas as medidas estão sendo tomadas para garantir os esclarecimentos dos fatos. Na ocasião, a vice-procuradora ainda disse que se solidariza com as palavras da ministra e que ficou sensibilizada com o caso da menina indígena. “Foi assustador. Ainda mais se tratando de uma criança, o que nos deixa mais chocados”, disse ela em entrevista à “TV Globo”.
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