Se você é aposentado, pensionista ou servidor que costuma recorrer ao crédito consignado, provavelmente se assustou com o anúncio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de suspender novas operações em quatro instituições financeiras. O bloqueio, publicado no Diário Oficial da União em 16 de outubro de 2025, atingiu Banco Inter, Paraná Banco, Facta Financeira e Cobuccio Sociedade de Crédito Direto. Embora os descontos em folha já existentes continuem válidos, a medida levanta dúvidas sobre segurança, legalidade e próximos passos. A seguir, explicamos por que o INSS tomou essa decisão, quem é afetado e como você pode proteger suas finanças enquanto a situação não se resolve.
Por que o INSS bloqueou novas operações?
De acordo com nota técnica do órgão, a suspensão é uma medida cautelar destinada a “cessar possíveis irregularidades” e preservar o interesse público até a conclusão das apurações internas. Em auditorias preliminares, o INSS identificou sinais de descumprimento da legislação que regula o crédito consignado. Essas falhas envolvem desde processos de análise de risco até a transparência de informações repassadas ao consumidor.
- Ausência de comprovação do cumprimento integral da legislação do consignado;
- Inconsistências nos registros de autorização de desconto em folha;
- Possíveis taxas cobradas acima dos tetos definidos pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS);
- Deficiências nos canais de atendimento ao segurado.
A superintendência do INSS reforça que a pausa é preventiva, ou seja, não representa condenação definitiva das instituições. Ainda assim, a autarquia alega ser imprescindível “interditar” o sistema até que cada banco demonstre conformidade total.
“A cautela evita que novos contratos sejam firmados em condições potencialmente desfavoráveis ao segurado, mantendo a integridade do sistema enquanto as investigações avançam”, diz trecho da portaria publicada em 16/10/2025.
Quais instituições financeiras foram afetadas?
Quatro empresas perderam temporariamente acesso ao sistema eletrônico de margem consignável (SCM) do INSS:
- Banco Inter S.A.
- Paraná Banco S.A.
- Facta Financeira S.A.
- Cobuccio Sociedade de Crédito Direto S.A.
A medida veio poucos dias após o Banco Master sofrer bloqueio semelhante. Juntas, essas instituições representam parcela relevante do mercado de crédito consignado, sobretudo entre clientes que buscam taxas mais competitivas fora do circuito dos grandes bancos. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), elas concentram cerca de 8% das novas contratações mensais do segmento.
Para as quatro empresas, o bloqueio significa:
- Impossibilidade de conceder novos empréstimos ou cartões consignados;
- Suspensão de portabilidades (migração de dívida) para as carteiras dessas instituições;
- Obrigação de apresentar ao INSS relatórios de conformidade em até 15 dias corridos.
O Banco Inter divulgou nota pública afirmando que “cumpre rigorosamente a legislação” e colabora com as autoridades para normalizar o serviço. Já o Paraná Banco informou que trabalha “para demonstrar total aderência às normas”. Facta Financeira e Cobuccio ainda não se manifestaram oficialmente até o fechamento deste artigo.
O que muda para aposentados e pensionistas com contratos ativos?
Se você já tem parcelas sendo descontadas por qualquer um desses bancos, fique tranquilo: os pagamentos continuam normalmente. Contratos e prazos permanecem inalterados, assim como taxas de juros e CET (Custo Efetivo Total) acordados em contrato. O INSS assegura que os descontos em folha apenas cessam quando o empréstimo é quitado ou se houver decisão judicial contrária.
Veja o que não muda:
- Valor e data de vencimento das parcelas;
- Taxa de juros contratada inicialmente;
- Possibilidade de antecipar quitação, se desejar.
O que, de fato, muda é a impossibilidade de ampliar limite ou contrair novo crédito consignado nesses bancos até o fim da investigação. Caso você necessite de dinheiro extra, será preciso procurar instituições ativas e devidamente autorizadas pelo INSS.
Como evitar golpes e contratar com segurança?
Períodos de suspensão INSS costumam despertar golpistas que prometem “desbloquear” linhas de crédito consignado mediante pagamento antecipado ou simples envio de dados pessoais. A recomendação é redobrar a cautela:
- Confirme informações exclusivamente no Meu INSS, aplicativo ou site oficial;
- Desconfie de ligações oferecendo refinanciamento em bancos suspensos ou cobrando taxa de liberação;
- Nunca compartilhe senha ou código de verificação recebido por SMS;
- Verifique se a instituição aparece como “habilitada” na lista divulgada no Portal do INSS.
Se necessitar de um novo empréstimo, compare as taxas em pelo menos três bancos ainda habilitados. Priorize contratos assinados digitalmente dentro do app ou site oficial do banco, onde há registro de todas as etapas de autorização do desconto.
O que esperar dos próximos passos do INSS e dos bancos?
O INSS concedeu prazo inicial de 15 dias para que cada instituição apresente provas documentais de conformidade. Dependendo do resultado, três cenários são possíveis:
- Arquivamento do processo: caso fique comprovada plena regularidade, a liberação ocorre de imediato;
- Multa ou advertência: se houver descumprimento pontual, o banco pode voltar a operar após sanções e ajustes nos sistemas internos;
- Suspensão prolongada: irregularidades graves podem levar o INSS a manter o bloqueio e encaminhar o caso ao Banco Central ou Ministério Público.
Especialistas preveem que, na melhor das hipóteses, as operações voltem ao normal em até 30 dias. Contudo, esse prazo depende da agilidade de cada banco em entregar relatórios e corrigir falhas. Para o consumidor, isso significa monitorar suas finanças, acompanhar notícias em canais oficiais e evitar decisões precipitadas.
No Congresso Nacional, parlamentares já discutem alterar regras do crédito consignado para aumentar a transparência de taxas e reforçar a punição a instituições reincidentes. Se essa pauta avançar, novas normas podem surgir no primeiro semestre de 2026.
Enquanto isso, a orientação segue clara: procure informação confiável, mantenha seus dados seguros e jamais assine contratos apressadamente. O crédito consignado continuará sendo uma opção vantajosa, desde que operado por bancos que respeitam as regras e colocam o consumidor em primeiro lugar.











