Nesta segunda-feira (27), foi noticiado que a Rússia deu calote em parte de sua dívida externa pela primeira vez desde a Revolução de 2018, quando os bolcheviques derrubaram a monarquia e realizaram a implantação do comunismo no país. O calote é referente a dois títulos de dívidas que totalizam 100 milhões de dólares que venciam 27 de maio, contudo, houve uma carência de 30 dias com validade até hoje.
A dívida externa não é necessariamente algo ruim, contudo, é necessário que seu pagamento seja realizado para que o país não seja classificado como mau pagador, o que aumentaria a dificuldade de obter financiamento externo, que costuma ter juros mais baixos. Abaixo iremos explicar um pouco sobre o que é este tipo de dívida e como ela se forma.
O que é a dívida externa
Resumidamente, é a parte da dívida pública que deve ser paga em moeda estrangeira. É uma das saídas para o governo quando este necessita de recursos financeiros. Ela pode ser contraída através de duas formas: Dívida Externa Mobiliária, sendo contraída através da emissão de títulos e a Dívida Externa Contratual, contraída através da realização de contratos com organismos multilaterais, como o Banco Mundial e FMI (Fundo Monetário Internacional.
Além disso, ela é também um importante indicador para investidores, visto que, uma alta parcela da dívida pública sendo composta em moeda estrangeira pode significar que o país esteja suscetível a forte instabilidade econômica. Dessa forma, os investidores preferem não assumir dívida junto aos países com alta dívida externa, pois o poder de compra da moeda do país pode cair abruptamente, comprometendo o pagamento do empréstimo.
Quitar a dívida externa não necessariamente é um bom caminho
A dívida externa, como informado anteriormente, é formada em moeda estrangeira e, sendo assim, deve ser paga em moeda estrangeira. Com isso, faz sentido realizar o pagamento apenas dos juros da dívida, mantendo o valor principal no caixa do país. Com isso, a dívida fica sob controle e o país mantém o status de confiável perante seus credores.
É bem comum os países adotarem essa postura, visto que, dessa forma, se mantém em dia perante seus credores, evitando pagar uma alta quantia, o que representaria grande saída de caixa, possibilitando uma fragilização da economia local.
Situação da dívida brasileira
Atualmente, a dívida externa brasileira totaliza R$222,5 bilhões, onde o total da dívida pública é de R$5,56 trilhões, ou seja, a ela brasileira representa aproximadamente 4% da dívida pública total do país. O Plano Anual de Financiamento tem como meta para 2022 que a dívida externa fique entre 3% e 7%.
No entanto, a relação do Brasil com a dívida externa nem sempre foi boa. Por exemplo, durante a Ditadura Militar, a dívida saltou de 12 bilhões de dólares para os 100 bilhões de dólares. A situação do saldo devedor devido do país só foi amenizada pouco antes do estabelecimento do Plano Real. Em 2008, o Brasil deixou de ser um país devedor para se tornar um país credor, ou seja, as reservas internacionais se tornaram maiores que a dívida externa.