Nesta quarta-feira (14), a agência S&P Global Ratings alterou a nota de crédito do Brasil na classificação de risco, elevando a faixa do país de estável para positiva. Como o mudança positiva, integrantes do governo comemoraram a notícia.
Vale destacar que a classificação positiva para o Brasil não acontecia desde 2019, quando as perspectivas para a política fiscal e monetária ainda eram incertas, bem como o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Brasil e classificação do S&P Global Ratings
Segundo a empresa, a elevação da classificação de crédito do Brasil reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, o que pode beneficiar o crescimento do PIB do país.
Além disso, a agência reafirmou a classificação de crédito soberano em “BB”, que reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, indicando que o Brasil está menos vulnerável a riscos no curto prazo, apesar das incertezas relacionadas às condições econômicas.
Por fim, a S&P disse que, embora o Brasil ainda tenha um grande déficit fiscal, o avanço da atividade mais alta e um caminho mais claro para a política fiscal podem resultar em uma diminuição da carga de dívida do governo “menor do que inicialmente esperado”.
“Isso poderia dar suporte à flexibilização monetária e à posição externa líquida do Brasil”, afirmou a empresa em comunicado.
Comemoração do governo
Para os apoiadores do governo, a nova classificação é um sinal de que o mundo começa a reconhecer que o Brasil está voltando a ser uma economia em crescimento, buscando implementar políticas econômicas que contenham a vulnerabilidade das finanças públicas.
“Dólar caindo, PIB crescendo, inflação sob controle e a classificação do Brasil melhorando frente ao mundo. Ainda há muito o que fazer. Vamos em frente!”, escreveu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que com a mensagem trouxe fotos dele com Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Além disso, Haddad disse que a mudança de perspectiva se devia à estabilidade dos poderes e aproveitou a oportunidade para reclamar levemente do atual nível da taxa básica de juros, em 13,75%. “A harmonia entre os poderem tem promovido esses resultados ainda modestos, mas muito importantes. Isso sinaliza uma mudança de rota e é algo muito significativo. Falta só o Banco Central se somar a esse esforço, mas quero crer que estejamos próximos de isso acontecer”, disse o ministro.
Agro como carro-chefe
De acordo com Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, a surpresa do aumento da nota do Brasil veio basicamente do crescimento maior da agropecuária em 21,6% no trimestre, puxado pela safra recorde, especialmente de soja e milho.
Vale ressaltar que esse setor tem o maior resultado neste tipo de comparação desde o quarto trimestre de 1996. Segundo especialistas, é o setor mais aberto da economia, e sua capacidade de produção no país supera, por exemplo, a dos Estados Unidos.
De acordo com Sinigaglia, da Garde, o setor se beneficiou das condições climáticas favoráveis e dos altos preços das commodities, além da queda nos preços dos fertilizantes após alta generalizada no ano passado.
“Isso impulsionou a safra do primeiro trimestre, que é – de fato – a mais relevante do ano [soja]. Adiante, as condições permanecem favoráveis, tanto para o milho [safrinha] quanto para o açúcar. Logo, dinamismo do PIB no ano será impulsionado pelo PIB agro”, afirma.