Quem ama jardinagem costuma escolher espécies pela beleza, pelo aroma ou pela facilidade de cultivo. No entanto, poucas pessoas avaliam se determinadas plantas que atraem carrapatos podem transformar o quintal em um paraíso para esses parasitas. Os carrapatos transmitem doenças como febre maculosa e babesiose, tanto para humanos quanto para animais de estimação. Quando encontram folhagem densa, umidade e sombra, eles se multiplicam e esperam o próximo hospedeiro. A seguir, conheça cinco espécies comuns que intensificam esse problema e saiba o que plantar no lugar para manter seu jardim saudável e livre de pragas.
Por que algumas plantas favorecem carrapatos no jardim?
Carrapatos não se alimentam de plantas; eles apenas usam a vegetação como “posto de observação”. Folhas largas perto do solo aumentam a retenção de umidade, condição vital para a sobrevivência das ninfas. Além disso, hastes altas funcionam como plataformas de questing, comportamento no qual o parasita estica as patas dianteiras e aguarda a passagem de um hospedeiro. O veterinário Luiz F. Oliveira, da Universidade Federal de Viçosa, alerta:
“Áreas sombreadas e com gramíneas altas abrigam populações três vezes maiores de carrapatos do que gramados curtos e bem iluminados.”
Portanto, escolher espécies adequadas e fazer podas regulares reduz consideravelmente o risco de infestação.
1. Samambaia (Nephrolepis exaltata)
A samambaia tropical aparece em varandas, canteiros suspensos e áreas próximas a muros. Sua folhagem arqueada cria bolsões de umidade ideais para o ciclo de vida do carrapato. Estudos da Embrapa indicam que microclimas com mais de 80% de umidade relativa aumentam a eclosão dos ovos em até 40%. Se você adora a aparência exuberante da samambaia, opte por variedades menos densas, como a samambaia-havaiana, ou substitua por clorofito (Chlorophytum comosum), que oferece efeito cascata semelhante sem reter tanta umidade.
2. Hera-inglesa (Hedera helix)
A hera se espalha rapidamente sobre o solo e o tronco das árvores, formando um tapete espesso onde a luz quase não penetra. Esse ambiente escuro e fresco é um convite para ninfas de Amblyomma e Rhipicephalus. Além do risco de carrapatos no jardim, a hera é considerada invasora e pode sufocar espécies nativas. Uma boa alternativa é a tradescântia-roxa, que cobre o solo, mas deixa espaços para circulação de ar, dificultando a permanência de parasitas.
3. Capim-colonião (Panicum maximum)
Em terrenos amplos, o capim-colonião cresce até dois metros de altura. Cada touceira fornece dezenas de hastes perfeitas para o questing. Se você utiliza essa gramínea para cercas vivas ou contenção de erosão, considere a troca por capim-azul (Dichondra repens) ou grama-batatais, que se mantêm baixos e reduzem o contato aéreo dos carrapatos com pessoas e animais.
4. Bambu (Bambusa spp.)
O bambu confere um toque oriental ao paisagismo, mas seus colmos formam moitas fechadas que acumulam folhas secas — outro esconderijo favorito de carrapatos. Além disso, pequenos mamíferos como gambás e roedores usam esses corredores, servindo de hospedeiros. Para obter privacidade sem criar um foco de pragas, opte por clúsia (Clusia fluminensis) ou murta, arbustos mais fáceis de podar e monitorar.
5. Buquê-de-noiva (Spiraea cantoniensis)
Famoso pela floração branca, o buquê-de-noiva apresenta ramos arqueados que tocam o solo. Esse “efeito cascata” forma um microambiente fresco no centro do arbusto, difícil de alcançar na limpeza diária. Plantações extensas em condomínios mostram índices elevados de carrapatos no jardim. Se você quer flores igualmente delicadas, experimente a escova-de-garrafa-anã (Callistemon viminalis ‘Little John’), que cresce de forma compacta e arejada.
Dicas práticas para um jardim livre de carrapatos
Remover as plantas que atraem carrapatos é apenas o primeiro passo. Adote também as medidas abaixo:
- Corte a grama a cada 10 dias durante o verão para diminuir a superfície de questing.
- Instale barreiras de cascalho ou mulch seco entre o gramado e áreas de mata para reduzir a migração de carrapatos.
- Use irrigação por gotejamento, não por aspersão; menos umidade superficial dificulta a sobrevivência das larvas.
- Capine folhas secas e restos de poda semanalmente, eliminando esconderijos.
- Mantenha cães com coleira carrapaticida e verifique o pelo após passeios.
Se a infestação já for visível, procure um controle profissional. Produtos acaricidas específicos para áreas externas agem rápido, mas exigem reaplicações regulares. Combine sempre manejo integrado, substituição de plantas problemáticas e vigilância constante. Assim, é possível ter um jardim bonito, funcional e — o mais importante — seguro para toda a família.












