O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta semana que os juros no Brasil podem voltar a subir. De acordo com ele, diversos analistas do mercado financeiro já estão prevendo uma elevação dos juros no país, algo que estava longe dos pensamentos há algumas semanas.
A mudança na trajetória das estimativas do mercado aconteceu, principalmente, devido às incertezas com as contas fiscais do Brasil. Em síntese, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá assumir o cargo em janeiro de 2023, e a possibilidade de um aumento exorbitante dos gastos públicos vem preocupando o mercado.
“No caso do Brasil, se a gente olhasse esses dados três semanas atrás, o mercado estaria dizendo basicamente que os juros iam começar a cair perto do meio do ano [que vem] e agora, se inverteu, e na verdade o mercado espera que o juro vai voltar a subir. Eu acho que aqui tem uma incerteza sobre o arcabouço fiscal”, disse Campos Neto.
As declarações do presidente do BC aconteceram na última sexta-feira (25) durante uma palestra promovida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). As falas de Campos Neto se referem às regras para as contas públicas, o chamado teto de gastos, que limitam a maioria das despesas à inflação do país.
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No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve pela segunda vez seguida a taxa básica de juro da economia em 13,75% ao ano. A saber, esse é o maior patamar da taxa Selic desde novembro de 2016, ou seja, há seis anos.
Nas últimas quatro semanas, os analistas do mercado financeiro elevaram as projeções para a inflação no Brasil em 2022. Em resumo, quanto mais alta estiver a taxa inflacionária, mais pressionado fica o BC para elevar os juros. Isso porque a taxa Selic é o principal instrumento da entidade para segurar a inflação no país.
Embora as estimativas para a inflação tenham subido, as projeções para a taxa Selic permaneceram estáveis até a semana passada. Contudo, nesta semana, houve leve avanço nas previsões para 2023. E essa alta poderá ser ainda mais expressiva que a projetada.
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