Você conferiu o extrato de pagamento e se deparou com cobranças misteriosas? Infelizmente, descontos indevidos do INSS têm afetado milhares de aposentados e pensionistas em todo o país. A falha envolve associações, seguros e empréstimos não autorizados que corroem parte do benefício todos os meses. Neste artigo, explicamos por que isso acontece, quem mais sofreu com o erro e como você pode reaver valores descontados sem autorização.
Por que surgem os descontos indevidos no benefício do INSS?
Os descontos indevidos do INSS aparecem, na maioria dos casos, quando empresas conseguem inserir cobranças diretamente na folha de pagamento do segurado. O mecanismo é viabilizado pelo Sistema de Consignações do INSS (SCON), criado para permitir descontos legais, como empréstimos consignados. Porém, brechas no controle levaram a cobranças abusivas de:
- Associações ou clubes de benefícios jamais solicitados;
- Seguros de vida e planos odontológicos desconhecidos;
- Taxas de filiação sindical sem consentimento;
- Renovações automáticas de contratos já quitados.
Em 2023, auditoria do Tribunal de Contas da União apontou falhas na validação de consentimento digital. Os golpistas enviavam listas de CPFs ao SCON, alegando que os segurados autorizaram o débito. Como o sistema não exigia prova robusta, o desconto era implantado em até 72 h, gerando prejuízo imediato.
Quem foi mais afetado e os números do problema
Segundo relatório da Ouvidoria-Geral da Previdência Social, cerca de 1,8 milhão de reclamações sobre descontos indevidos do INSS foram registradas entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. A maioria dos atingidos pertence a três grupos:
- Aposentados por idade com benefício inferior a dois salários mínimos;
- Pensionistas com mais de 60 anos e pouca familiaridade com canais digitais;
- Segurados que contrataram consignado recentemente e tiveram dados vazados.
Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia concentram 35% das queixas. O valor médio retirado de cada benefício foi de R$ 39,90, mas há registros de descontos superiores a R$ 200. Em termos de impacto financeiro, o TCU estima um prejuízo anual de R$ 300 milhões aos cofres dos aposentados.
Como identificar descontos não autorizados no extrato de pagamento
A forma mais simples de descobrir um débito irregular é consultar o extrato de pagamento (Histórico de Créditos) disponível no Meu INSS ou em agências bancárias. Ao analisar o documento, busque pelas seguintes siglas:
- ASC – Associação ou clube;
- SEG – Seguro de vida ou odontológico;
- SIND – Contribuição sindical;
- RES – Reserva de margem consignável.
Achou algum desconto suspeito? Verifique a coluna “Alíquota/Valor” e some o montante retirado nos últimos meses. Guarde prints ou cópias do extrato, pois serão necessários para formalizar a contestação.
Caminhos para contestar e solicitar devolução ao INSS
Depois de identificar os descontos indevidos do INSS, siga este passo a passo:
“O segurado pode contestar cobranças não autorizadas pelo aplicativo Meu INSS, opção ‘Agendamentos/Solicitações’, selecionando ‘Reclamação – Desconto Indevido’. O processo é 100% digital.” — Manual do INSS, versão 2024.
- Abra um protocolo no Meu INSS ou ligue para o telefone 135;
- Anexe extratos, documentos pessoais e, se houver, contratos não assinados;
- Acompanhe o andamento no próprio aplicativo ou por SMS;
- Receba resposta em até 45 dias. Se o erro for confirmado, o valor é estornado no benefício seguinte.
Caso o INSS negue o reembolso, o segurado pode acionar a Justiça Federal via Juizado Especial Previdenciário, processo gratuito para causas de até 60 salários mínimos. A jurisprudência tem sido favorável à devolução em dobro, conforme o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor.
Medidas adotadas pelo governo para evitar novas cobranças
Diante do aumento de descontos indevidos do INSS, o Ministério da Previdência Social implementou, em 2024, a Portaria 2.965, que introduziu barreiras extras para inclusão de novos débitos:
- Confirmação por biometria facial no aplicativo Meu INSS;
- Prazo mínimo de 24 h para o segurado cancelar a autorização sem custo;
- Multa administrativa de até R$ 250 mil para entidades infratoras;
- Criação de uma “lista suja” pública com empresas reincidentes.
Além disso, o governo lançou campanhas educativas em rádios comunitárias, orientando idosos a revisar extratos mensalmente. A meta é reduzir em 80% o volume de queixas até o fim de 2025.
Como vimos, entender a dinâmica dos descontos indevidos do INSS é essencial para proteger sua renda. Se você detectou qualquer cobrança suspeita, conteste o quanto antes. Informação e vigilância são as melhores formas de evitar que terceiros levem parte do seu benefício.