Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado frequentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o preço da carne caiu 1,22% em fevereiro, na contramão da inflação acumulada do mesmo período, que foi de 0,84%. Com isso, no acumulado dos três primeiros meses do ano, a carne bovina sofreu redução de 2,7%.
Para Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, a redução no custo da carne bovina pode ser reflexo da suspensão de exportações do Brasil para a China, devido ao registro de um caso de mal da vaca louca em um bovino no Pará. “Pode ser o efeito da suspensão de exportações de carnes do Brasil para a China por conta do mal da vaca louca”, afirmou Kislanov. “Tem maior oferta de carnes no mês, não só de carne bovina, mas também frango. Mas a gente já vinha com uma oferta maior desse mercado”, apontou.
Além disso, a Conab aponta que a quantidade de carne bovina, frango e porco será de 20,77 milhões de toneladas neste ano, o que representa aumento de 5% em relação a 2022. Para a Conab, esse aumento na oferta pode ser explicado tanto pelo lado da redução no custo de produção quanto pelo lado da queda nos preços dos grãos como soja e milho, utilizados para a alimentação dos animais. “O custo da nutrição animal está menor agora em 2023”, disse Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.
Preço da carne disparou nos últimos quatro anos
Nos últimos quatro anos, o preço da carne disparou 70% no Brasil e a expectativa é que ela não volte tão cedo ao patamar de antes da pandemia. Contudo, para este ano, os brasileiros podem esperar queda. “Não da para esperar por quedas muito contundentes. De qualquer forma, a carne bovina está mais acessível à população”, disse Iglesias, da Safras. “Os preços não vão voltar ao que eram em 2018 ou 2019. Mas a carne vai estar mais presente na mesa da população brasileira”, completou Iglesias
Inclusive, a redução do preço da carne foi uma das promessas de campanha do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em diversas ocasiões, ele afirmou que o brasileiro deveria “voltar a comer Picanha”. No entanto, o corte foi o que sofreu menor queda entre as carnes bovinas em 2023, sendo de apenas 0,8% no acumulado dos três primeiros meses no ano. Já no acumulado de 12 meses, a picanha registrou alta de 1,8%. Nesse sentido, o corte que teve a maior redução em 2023 foi o filé-mignon, atingindo queda de 6,5%, segundo levantamento realizado pela XP. Alcatra e contrafilé tiveram quedas de 4,5% e 3,7% respectivamente.
A expectativa é que as carnes de porco e frango também fiquem mais baratas, dado que os motivos para a redução da carne bovina também se refletem no valor das outras carnes: o custo menor de produção dos animais. No entanto, para estas carnes, a expectativa é que elas fiquem 10% mais baratas até o fim deste ano.