Um número alarmante foi revelado pela “Globo News” neste sábado (29). De acordo com dados mostrados pela emissora, o estado de São Paulo registra um boletim de ocorrência a cada duas horas e meia por violência psicológica cometida contra mulheres.
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Conforme esses dados, 1.754 queixas foram formalizadas nas delegacias paulistas – tanto presencialmente quanto no portal da Secretaria de Segurança Pública. Esse número vem à tona seis meses depois de o governo federal ter sancionado uma lei que tornou crime a violência psicológica.
Apesar disso, muitos casos ainda são subnotificados, pois as vítimas não sabem ter este recurso ou ficam com medo de denunciar. Em entrevista à “Globo News”, Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher do Estado São Paulo, contou que a violência psicológica pode não ser vista como crime porque muitas vítimas entendem que, por não deixar marcas físicas, o agressor não poderia ser punido criminalmente.
Todavia, ela relata que as consequências deste tipo de violência psicológica podem ser profundas na saúde das vítimas, gerando ansiedade, depressão, pensamentos suicidas, podendo ainda ser o começo de outros tipos de crimes como os relacionados às agressões físicas e feminicídio.
“É muito interessante quando a gente conversa com vítimas de violência psicológica, elas sempre dizem que é difícil entender que aquilo é uma violência porque não deixa marca física. Então não é uma violência física que deixa marca, uma violência patrimonial que deixa uma marca em algum objeto, por exemplo, um celular”, explicou a delegada.
Ainda conforme a delegada, as violências psicológicas são “humilhações, impedimentos do direito de ir e vir dessa mulher, impedimento dessa mulher de trabalhar ou estudar”. “E tudo isso não deixa marca e é difícil inclusive para mulher entender que ela está sendo vítima, e até muitas vezes paras pessoas no em torno dessa mulher entenderem que ela está sendo vítima”, completou.
Hoje, de acordo com o Código Penal, a violência psicológica pode render uma pena de até dois anos de prisão. Todavia, essa punição pode ser ainda maior caso a conduta constituía um crime mais grave.
Por fim, a delegada explica que as vítimas de violência psicológica podem e devem denunciar esses crimes procurando a Polícia Civil presencialmente ou ainda nos sites da corporação, que agora contam com o recurso que proporcionam as pessoas a fazerem denúncias do tipo de forma online.
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