De acordo com uma pesquisa realizada pela Defensoria Pública, todo o país demonstrou que o acesso à Justiça de pessoas vulneráveis está sendo afetado pela pandemia de covid-19. Essa é a noção de 92,6% dos profissionais que participaram da pesquisa realizada pelo núcleo de estudos da burocracia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Defensoria Pública é um oficio que foi decidido que não se mantivesse presencialmente. Ao contrário de outras áreas da assistência, da própria saúde, em que os profissionais continuaram atuando na face a face com os cidadãos. Assim, o trabalho da Defensoria é um serviço que virou “home Office”, destacou a professora e pesquisadora de administração pública e governo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Gabriela Lotta, coordenadora da pesquisa.
Logo, “Um trabalho que vira home Office para uma população vulnerável significa deixar o ônus para essa população. Ao mesmo tempo em que os profissionais estão protegidos, não estão colocando a saúde deles em risco, isso gera um conjunto de ônus para própria população que não consegue ter acesso a um serviço que foi virtualizado, digitalizado.” Acrescentou a pesquisadora.
Saúde dos defensores
Da mesma forma, em relação às condições de trabalho, 19,2% dos profissionais que estão em situação de teletrabalho alegam não ter obtido equipamentos necessários para realizar suas tarefas em casa. Logo,“há uma desigualdade interna na instituição em que as condições de trabalho se mostram mais precárias para estagiários e outros profissionais se comparado com defensores. Ou seja, isso ressalta a compreensão de que o acesso à Justiça depende também do trabalho de outros profissionais que, nem sempre são visíveis nesta política”, analisou Gabriela.
A pesquisa foi feita com base em entrevistas online com 530 profissionais das Defensorias Públicas estaduais e da Defensoria Pública da União de todas as regiões do Brasil, entre os dias 23 de junho e 11 de julho de 2020. Em suma, os entrevistados eram defensores públicos (43,4%), assessores (34,3%), estagiários (12,8%) e funcionários de outras carreiras (9,4%).