Em 2020 a pandemia forçou as escolas brasileiras a aderirem às aulas virtuais. Muitos alunos conseguiram sustentar o modelo de ensino EAD, contudo, cresceu o abandono escolar entre crianças e adolescentes, mostrando as desigualdades do ensino em todos os estados do Brasil. Em estados do Norte, por exemplo, notou-se o abandono às aulas, que chegou a ser quase quatro vezes maior do que a média nacional do ano passado. Os dados foram coletados em outubro de 2020 e estão no estudo “Enfrentamento da Cultura do Fracasso Escolar”, do Unicef e levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um exemplo dessa situação é Roraima, onde 15% do total de crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos não frequentou as aulas no ano passado. No período, a média brasileira de abandono escolar foi de 3,8% (o que representa cerca de 1,38 milhão de alunos).
Abandono escolar superior a 10% na pandemia
Além de Roraima, Amapá e Acre também registraram abandono escolar superior a 10% em 2020. Contudo, a maioria dos estados brasileiros manteve a taxa dentro da média nacional. Assim também, Minas Gerais e Sergipe registraram a menor taxa na faixa-etária pesquisada – ambos estados com pouco mais de 2% dos estudantes fora do ambiente escolar.
Impactos sociais, acesso limitado à internet, saúde mental e violência doméstica
De acordo com o chefe de Educação do Unicef no Brasil, Italo Dutra, entre os fatores que distanciam as crianças e adolescentes das atividades escolares estão os impactos econômicos da pandemia nas famílias, com isso, o acesso limitado à internet. O fator ocorre principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, questões como saúde mental e até violência doméstica colaboram para o abandono escolar.
Problemas na educação que já existiam pioraram na pandemia
“No Semiárido e na Amazônia Legal, você vê diferenças gritantes comparadas à média nacional e à região sudeste, por exemplo. Já tínhamos problemas estabelecidos nesses lugares e, com isso, a população que sofria antes, sofreu ainda mais os efeitos da pandemia”, declarou Dutra. Neste ano, tudo indica que as aulas presenciais podem voltar, porém, as taxas de abandono escolar continuam sendo analisadas no decorrer do restante da pandemia e após.