Desde o início da pandemia da Covid-19 em meados de março de 2020, o Turcomenistão é um dos poucos países de todo o mundo, tal como a Coreia do Norte, que não registrou nenhum caso oficial de Covid-19. No entanto, dados apurados por fontes independentes indicam que a Ásia Central enfrenta uma terceira onda da doença que pode ser ainda mais intensa que as outras.
Um homem morador do Turcomenistão relata a dificuldade de respirar quando contraiu a doença. Ele conta que era como se tivesse corrido uma maratona que o deixou com uma dor insuportável no peito. Mesmo apresentando todos os sintomas da Covid-19, ele não pode ser atendido como deveria, pelo simples fato do país, teoricamente, não ter lidado com outros casos como o dele.
Quando o homem ligou para a ambulância, o médico que o atendeu, o diagnosticou com pneumonia, alegando que ele deveria se dirigir ao hospital com urgência. A pneumonia é usada como pseudônimo para a Covid-19 no país. No caminho para o hospital ele entrou em contato com a clínica na qual ele realizou o teste para a Covid-19, e ouviu a atendente confirmar a testagem positiva.
No entanto, a confirmação foi apenas verbal, em momento algum o homem teve em mãos o resultado físico do teste, e demorou um pouco para entender que nunca o receberia. Isso porque, ao que tudo indica, o país faz de tudo para esconder os casos de pessoas infectadas ao não fazer nenhuma notificação oficial.
Ao procurar atendimento especializado em um hospital, o primeiro recusou o atendimento devido à superlotação. Ele conta a dificuldade de locomoção que teve entre os hospitais devido à rápida evolução do vírus. No segundo hospital ele também foi rejeitado, dessa vez, com a justificativa de que era proibido receber pacientes não registrados na capital do Turcomenistão, Ashgabat.
Foi então que o homem começou a entrar em pânico, e questionou um médico sobre o que ele deveria fazer. Simplesmente esperar e morrer? Ele recebeu atendimento somente após implorar a ajuda de um médico conhecido, mas o quadro clínico dele não mudou por cinco dias.
“Não conseguia respirar — era como se tudo dentro de mim estivesse colado. Tive ataques de pânico porque não conseguia respirar. Era como se tivesse mergulhado na água e não pudesse voltar à superfície”, contou,
Ele lembra que clamava por um remédio para aliviar a dor, e contou que frequentemente o atendimento hospitalar adequado é negligenciado escancaradamente no Turcomenistão. Diante da falta de estrutura, equipamentos e pessoal qualificado e o suficiente para atender a alta demanda do hospital, os relatos de mortes são vários. Neste caso, resultou na troca de tratamento por diversas vezes.
Foi preciso gastar US$ 2 mil, o equivalente a R$ 10,6 mil em remédios e subornos para permanecer no hospital por dez dias, mesmo sem um tratamento adequado. Segundo veículos de comunicação que não possuem vínculo com o Estado, informam que o Turcomenistão já enfrenta a terceira onda de infecções por Covid-19, embora os cidadãos locais não queiram admitir.