Nesta quarta-feira (18), a OMS (Organização Mundial de Saúde) criticou os países que avaliam dar a terceira dose da vacina contra Covid-19 para a população já protegida, pois ainda há nações que sofrem com a escassez de imunizantes. A entidade teme que as doses de reforço nos países mais ricos prejudiquem o abastecimento em nações pobres.
“A terceira dose de uma vacina é o equivalente a dar um salva-vidas para quem já tem salva-vidas e não estamos dando (salva-vidas) para quem está afogando”, alertou Mike Ryan, diretor de operações da OMS.
O diretor-geral da entidade, Tedros Ghebreyesus, também criticou as autoridades dos países que manifestaram interesse na aplicação da terceira dose da vacina.
“A falta de distribuição é uma vergonha de toda a humanidade”, atacou. “Vamos prolongar por anos a pandemia, enquanto pode acabar com ela em questão de meses”, disse.
“Os dados mostram que a dose extra não é necessária”, afirmou Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS. Segundo ela, é preciso aguardar mais dados científicos que atestem a necessidade da dose de reforço. “Além da questão de ciência, uma terceira dose também levanta, neste momento, uma questão ética e moral”, insistiu.
Para OMS, prioridade deveria ser dar vacina aos países pobres
Bruce Aylward, representante da OMS para vacinas, adotou o mesmo tom dos colegas, afirmando que a terceira dose só deveria ser considerada após a comunidade internacional conseguir proteger as populações vulneráveis. “Quem está morrendo hoje é quem não foi vacinado e existem bilhões e bilhões de pessoas sem vacinas”, disse.
Na avaliação da OMS, a ciência não demonstrou a necessidade da terceira dose em quem já foi vacinado contra Covid-19. Portanto, a prioridade deveria ser garantir que países pobres sejam abastecidos com imunizantes.
De acordo com Tedros, somente 10 países foram responsáveis pelo uso de 75% de todas as vacinas contra Covid-19 disponíveis no mundo. “A prioridade deve ser a de dar doses para mais gente”, afirmou.
Enquanto Israel já aplica a terceira dose em idosos e imunossuprimidos, os Estados Unidos anunciaram que começarão a dar a dose de reforço no dia 20 de setembro. No Brasil, o debate ganha cada vez mais força, assim como em países da Europa, como Alemanha e França.