O governo da Nigéria acusou o Reino Unido de promover um “apartheid de viagens”, após a descoberta da variante Ômicron na África do Sul há cerca de duas semanas. Isso porque o governo britânico colocou diversos países, inclusive a Nigéria, na “lista vermelha”, dificultando a entrada de viajantes oriundos de tais países.
Para entrar no Reino Unido, os viajantes de países da “lista vermelha” precisam apresentar dois testes PCR negativos e cumprir quarentena de 10 dias após o desembarque. Os custos de hospedagem durante a quarentena (2.285 libras, ou cerca de R$ 17 mil) devem ser cobertos pelos próprios passageiros.
O governo britânico justificou a medida, afirmando que 21 dos 134 casos da Ômicron registrados na Inglaterra eram de pessoas que vieram da Nigéria. O governo nigeriano, na semana passada, informou que detectou três casos de Covid-19 relacionados à nova variante em passageiros vindos da África do Sul, onde a cepa foi identificada pela primeira vez.
Em entrevista à rádio BBC4, o alto comissário da Nigéria em Londres, Sarafa Tunji Isola, classificou a medida britânica como um “apartheid de viagens”, fazendo coro ao argumento usado anteriormente pelo secretário-geral da ONU, Antonio Gutérres, que criticou as medidas impostas por diversas nações para barrar a entrada de viajantes de países africanos.
“A reação na Nigéria é a de um apartheid de viagens”, disse o alto comissário. “A Nigéria está alinhada com a posição do secretário-geral da ONU, de que a proibição de viagens é um apartheid, no sentido de que não estamos lidando com uma situação endêmica, mas sim, com uma situação pandêmica, para a qual se espera uma abordagem global, não seletiva”, afirmou Isola à rádio BBC 4.
Nigéria argumenta que Ômicron ainda não causou mortes
O alto comissário nigeriano argumenta que, diferente da variante Delta, a cepa Ômicron, por enquanto, não se mostrou mais agressiva do que as demais variantes que circularam durante a pandemia, embora seja mais transmissível.
“[A ômicron] é classificada como uma variante moderada, sem hospitalizações e mortes. Então, a questão é bastante diferente da variante delta. Essa posição deve ser tomada com base e evidências empíricas e científicas. Não é uma situação para pânico. Devemos nos ater aos fatos.”, disse ele.