A conta de energia está pesando no orçamento? A nova tarifa social de energia, aprovada pela Câmara em 17/09 e já endossada pelo Senado, promete aliviar o bolso de aproximadamente 60 milhões de brasileiros. O texto aguarda apenas a sanção do presidente Lula para entrar em vigor e zerar a fatura de famílias que consomem até 80 kWh por mês. Neste artigo, explicamos em detalhes como o benefício funciona, quem se enquadra nos requisitos e o que fazer para não perder o desconto na conta de luz.
O que muda com a nova tarifa social de energia?
O modelo anterior concedia abatimentos escalonados, de 10 % a 65 %, conforme o consumo. Agora, a gratuidade passa a ser integral para até 80 kWh mensais, faixa que engloba eletrodomésticos básicos como geladeira, iluminação e TV. Se a família ultrapassar esse limite, paga apenas a diferença. Por exemplo, num gasto de 100 kWh, os primeiros 80 kWh saem de graça e apenas 20 kWh entram na cobrança normal.
Além da conta zerada, as famílias de baixa renda ficam isentas dos encargos embutidos nessa faixa de consumo, contribuindo para uma economia média de 30 % a 40 % no orçamento doméstico, segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Quem tem direito ao desconto integral?
Para receber a nova tarifa social de energia, não basta consumir pouco; é preciso se enquadrar em critérios socioeconômicos definidos no projeto. Veja a lista:
- Famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.
- Pessoas com deficiência ou idosos a partir de 65 anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
- Famílias indígenas ou quilombolas registradas no CadÚnico.
- Moradores de áreas isoladas, sem ligação ao sistema interligado nacional, desde que cadastrados.
O cruzamento de dados é automático: se o titular da fatura constar nos cadastros acima, a distribuidora aplica o benefício sem necessidade de pedido formal.
Faixa intermediária: novo desconto social de 12 %
O texto inaugura uma categoria para famílias que ganham entre meio e um salário mínimo per capita e consomem até 120 kWh. Para esse grupo, o governo concede isenção da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo que representa cerca de 12 % da fatura. A medida cria uma transição suave entre quem recebe a tarifa zero e quem paga integralmente, ampliando o alcance do programa.
Essa inovação beneficia, por exemplo, trabalhadores informais cuja renda oscila ao longo do ano, evitando que pequenas variações salariais eliminem totalmente o apoio.
Como garantir a nova tarifa social de energia na prática?
O processo é simples, mas exige atenção a documentos e prazos:
- Mantenha o cadastro atualizado no CRAS de sua cidade; a revisão dos dados do CadÚnico deve ocorrer a cada dois anos ou sempre que houver mudança na renda familiar.
- Confirme se o CPF do titular do contrato de luz é o mesmo registrado no CadÚnico ou no BPC. Nome divergente impede a ativação automática.
- Verifique sua fatura. No campo “Subclasse” deve aparecer Residencial Baixa Renda. Caso não apareça, procure a concessionária com o número do NIS ou do benefício do BPC.
Vale lembrar que o benefício só pode ser aplicado a uma unidade consumidora por família. Detectada duplicidade, a distribuidora suspende a tarifa social até regularização.
Outras mudanças e impacto no setor elétrico
O Congresso também ampliou a gratuidade para famílias indígenas e quilombolas, equiparando o teto de consumo de 50 kWh para 80 kWh. Para o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), relator no Senado, a decisão avança no combate à chamada “pobreza energética”.
“Essa PEC da tarifa social mostra a redução da desigualdade energética com alívio tarifário para a população de baixa renda. É uma grande vitória que beneficiará milhões de consumidores”, afirmou Chico Rodrigues.
Analistas do setor veem outro efeito positivo: a diminuição da inadimplência. Quando a conta cabe no bolso, o índice de corte por falta de pagamento tende a cair, reduzindo custos operacionais das distribuidoras e trazendo mais estabilidade à rede.
O Ministério de Minas e Energia estima que a expansão da política custará cerca de R$ 5 bilhões por ano, valor já embutido na CDE e redistribuído entre todos os consumidores. Mesmo assim, o impacto tarifário médio deve ficar abaixo de 1 %, segundo nota técnica da pasta.
Dúvidas frequentes sobre a nova tarifa social de energia
Para fechar, respondemos às perguntas que mais aparecem nos postos de atendimento:
- Preciso solicitar o benefício? Não. Se estiver no CadÚnico ou BPC e seu nome constar na conta de luz, o desconto cai automaticamente.
- Ultrapassei 80 kWh. Perco tudo? Não. Você paga apenas a parte que exceder os 80 kWh.
- Posso ter duas residências com desconto? Não. A tarifa social vale para uma única unidade consumidora por família.
- Continuarei pagando ICMS e iluminação pública? Depende da legislação estadual e municipal. A gratuidade cobre apenas a parcela de energia até 80 kWh.
Com a iminente sanção presidencial, a nova tarifa social de energia deve começar a valer já no próximo ciclo de faturamento após publicação em diário oficial. Mantenha seus dados em dia e acompanhe sua fatura para não perder esse alívio no orçamento.