Os médicos e pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (National Institutes of Health, NIH) afirmaram ter presenciado o caso mais longo de enfrentamento à Covid-19 até hoje. Trata-se de uma mulher na faixa etária de 40 anos de idade que sofre de câncer desde 2020, época em que foi infectada pela Covid-19, tendo que conviver com a doença durante 335 dias.
O primeiro teste positivo para Covid-19 da mulher foi em maio de 2020. Desde então a mulher foi internada por diversas vezes, ganhando alta somente este ano. Durante este período, múltiplos testes moleculares do modelo PCR foram realizados. Todos os testes tiveram o mesmo resultado, a afirmação sobre a infecção da Covid-19.
Os autores do estudo publicado na plataforma científica medRxiv no dia 5 de outubro, alegam ter desconfiado que por um determinado tempo, a mulher possa ter sido afetada por infecções distintas. Por esta razão, decidiram fazer uma análise genômica das primeiras e últimas amostras colhidas da paciente. Todas elas mostraram que o material genético do vírus presente era bastante semelhante ao das amostras iniciais.
Foi o que os cientistas afirmaram se caracterizar como o indicativo de uma infecção prolongada pelos 335 dias, ao invés de uma reinfecção. A paciente foi identificada com o que se chama de linhagem B.1.332, que circulou durante todo o período no qual a mulher teve a primeira infecção ainda em 2020, mas que não era mais prevalente este ano na região em que ela residia. Esta é mais uma evidência do prolongamento da infecção durante meses com a mesma origem.
É importante mencionar que a mulher possui diabetes tipo 2, além de já ter sofrido com a presença de um linfoma. Em outras palavras, um câncer que se forma no sistema linfático. Chegando ao hospital já com os sintomas de Covid-19, a mulher estava enfrentando a luta contra o câncer há três anos.
A mulher foi considerada como uma paciente imunossuprimida, ou seja, uma pessoa com a eficiência do sistema imunológico reduzida. Neste caso, em virtude do tratamento contra o câncer, que gera o enfraquecimento das células de defesa. Os pesquisadores também apontaram que para boa parte das pessoas, o coronavírus se replica por alguns dias, tendo maior incidência de infecção prolongada em pacientes imunossuprimidos.
A mulher chegou ao hospital no mês de maio de 2020, com febre, dor de cabeça, congestão nasal e tosse. Na época, uma tomografia do tórax mostrou típicas manchas da infecção da Covid-19 no pulmão da mulher, as quais pioraram mostrando que ela precisou passar por uma suplementação de oxigênio, além de tomar antibióticos e lavagem broncoalveolar.
Meses depois, a mulher ganhou alta, mas continuou fazendo testes PCR rotineiramente. Neste período a doença permaneceu, mas apresentou sintomas diferentes vez ou outra, até que 300 dias mais tarde, ela precisou ser hospitalizada novamente. A mulher foi medicada com o antiviral e recebeu o tratamento de plasma convalescente. Finalmente, ela ganhou alta conclusiva e não apresentou mais resultados positivos para a Covid-19.