Um levantamento feito pelo instituto Locomotiva e Patrícia Galvão, com o apoio técnico e institucional da ONU Mulheres, mostrou que a importunação e o assédio sexual lideram o ranking dos motivos de insegurança das mulheres ao se deslocarem pelas cidades brasileiras.
De acordo com levantamento, que ouviu mais de duas mil pessoas pelo país em agosto deste ano, o público feminino é o grupo mais vulnerável quanto às violências que ocorrem nos diversos meios de transporte.
Segundo o estudo, a cada dez mulheres, sete afirmam que já receberam olhares insistentes e cantadas inconvenientes enquanto se deslocavam. Com a pesquisa, constatou-se que 36% das mulheres já sofreram algum episódio de importunação e/ou assédio sexual. Um número maior do que as que relatam terem sofrido assalto, furto e/ou sequestro-relâmpago (34%).
Para Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, apesar de haver uma sensação geral de insegurança urbana, o estudo mostra que as mulheres sentem mais medo do que os homens em seus deslocamentos. “Esse medo tem uma razão concreta: as experiências das mulheres com situações de violência, em especial de importunação e assédio”, afirmou.
Conforme aponta o levantamento, das mulheres que dizem que já foram vítimas de episódios violentos, 24% afirmam que não contaram aos seus amigos e familiares. Além disso, 53% afirmam que ficaram abaladas psicologicamente e 67% delas mudaram alguns hábitos e comportamentos. Do total, apenas 27% afirmaram já terem reagido a alguma situação do tipo.
Ônibus: o mais citado pelas mulheres
Dentre os cenários de importunações e assédios sexuais, o ônibus foi o que mais recebeu citações, sendo considerado o local onde mais ocorrem os fatos. Atrás destes veículos apareceram o deslocamento a pé, que é onde mais acontecem os casos de assaltos, atos racistas, agressões físicas e estupro.
Mudança nas roupas
Por conta do cenário perigoso, 83% das mulheres revelaram que estão deixando de vestir determinadas roupas e acessórios. Isso, por medo de serem vítimas de alguma forma de violência.
Por fim, as mulheres ainda citaram locais e fatores que acabam diminuindo ainda mais a segurança e aumentando consideravelmente a insegurança dessas pessoas, como a falta de iluminação pública, a ausência de policiamento e a grande quantidade de espaços públicos abandonados.
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