O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula, em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira (21), afirmou que o Ministério da Saúde virou “papagaio de pirata” do presidente Jair Bolsonaro (PL), pois repete tudo o que o mandatário diz sobre a gestão da pandemia de Covid-19.
“Ele diz que é contra o carnaval, eles repetem. O presidente é contra o passaporte vacinal e o ministério se diz contra também. Não tem sentido. Temos que agir numa conduta só e ter coerência no que falamos”, avaliou.
Na avaliação de Carlos Lula, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, “mudou muito” nos últimos meses e, hoje em dia, “a gente não consegue mais sequer conversar com ele”.
“Não sei se o Queiroga de meses atrás reconhece o Queiroga de hoje, não sei se ele sequer acreditaria no que o Queiroga de dezembro de 2021 fala. Ele foi o ministro que conseguiu ter pouco diálogo com as instituições. Não é afeito a divergências e se fechou. A gente não consegue mais sequer conversar com ele. Isso revela muito sobre a concepção dele de mundo, autoritária e elitista. Política não se faz dessa forma”, afirmou o presidente do Conass.
Postura do Ministério da Saúde sobre o passaporte da vacina
Lula ainda classificou como “muito ruim” a posição do Ministério da Saúde sobre o passaporte da vacina. Ontem (20), o governo federal publicou uma portaria com regras para liberar a entrada de viajantes internacionais ao Brasil, depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinar a obrigatoriedade do passaporte da vacina.
“A postura do ministério é muito ruim, como no caso da frase “é melhor perder a vida do que a liberdade”, sobre o passaporte sanitário. Depois, a adoção dele ter sido decidida pelo Supremo é muito ruim. O ministério poderia ser uma engrenagem para facilitar a vigilância e o cuidado, e acaba sendo alguém para criar mais confusão. A gente vê na figura do presidente alguém que potencializa esse problema”, disse Carlos Lula.
Vacinação de crianças contra Covid-19
O presidente do Conass também se mostrou favorável à vacinação de crianças contra Covid-19, afirmando que há urgência sobre o tema devido à variante Ômicron do novo coronavírus. Enquanto isso, o Ministério da Saúde afirmou que não tem pressa para imunizar a população infantil.
“É fundamental a gente ampliar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, e rápido. Um dado que causa preocupação em relação à Ômicron é que ela tem transmissão maior entre crianças, exatamente um grupo que a gente não vacinou”, disse ele.