Informações divulgadas pela “Rede Globo” nesta terça-feira (05) revelam que médicos que eram contrários ao uso de remédios do chamado “Kit Covid” e trabalhavam no Hospital das Forças Armadas (HFA), localizado em Brasília, foram orientados a usar receitas pré-assinadas e carimbadas por outros profissionais. Isso, informou a matéria da emissora carioca, para prescrever os medicamentos a pacientes que faziam questão de recebê-los.
Segundo as informações, as receitas já estavam prontas antes de os pacientes serem consultados e continha três remédios: hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Assim como vem publicando o Brasil123, de acordo com as pesquisas, esses medicamentos não são eficazes contra a Covid-19.
Em nota, o HFA afirmou que, no pico da pandemia, os médicos podiam prescrever medicamentos por conta própria e tiveram as autonomias respeitadas. “Todos os pacientes foram convenientemente atendidos”, diz o texto. Também em um comunicado, a Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou que preencher prescrições antes de atender o paciente fere o código de ética da profissão.
De acordo com César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, “se o médico deixou uma prescrição pré-preenchida e assinada para que outro colega usasse em nome dele, certamente cometeu uma infração e terá que responder sobre isso”.
Orientação aos médicos
Segundo a matéria da “TV Globo”, os médicos do hospital foram orientados a usarem essas receitas no final do ano passado pelo major Milson Faria, chefe da unidade. A prova disso é uma troca de mensagens divulgadas pela emissora carioca. “Resolvemos deixar uma pasta com estrutura de receita já carimbada e assinada, e junto uma pasta com termo de consentimento”, disse o chefe da unidade.
Em outra mensagem, ele afirma que pessoas que não iriam receitar os remédios deveriam pegar uma receita pré-pronta. “Pedimos àqueles colegas que não prescrevem as referidas medicações, que caso não tenha nenhum colega no turno que também prescreva, que procure a sala de prescrição médica para entregar ao paciente, tendo somente que preencher o nome e a data”, informava o major.
Segundo os médicos que denunciaram o caso, apesar do descontentamento da equipe, essas receitas foram distribuídas pelo menos até julho deste ano. No comunicado, o HFA defendeu o major Milson, dizendo que “ele é formado em medicina há mais de 20 anos” e “atua no hospital com brilhantismo e dedicação, cabendo a ele o fornecimento das orientações sobre as dosagens dos medicamentos, a título de supervisão”.
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