Lei de Cotas: entenda as mudanças que foram aprovadas na Câmara

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que revisa a Lei de Cotas, normativa que assegura a reserva de vagas em universidades e institutos federais para estudantes provenientes de escolas públicas e que pertençam a grupos étnicos como negros, pardos, indígenas, quilombolas, e aqueles com deficiência e baixa renda. Dessa forma, o projeto de lei com a numeração 5384/20 agora segue para análise no Senado Federal.

A Lei 12.711/12, que instaurou o sistema de cotas, já previa uma revisão da política após dez anos de sua implementação, prazo que deveria ter sido cumprido em 2022.

Mudanças na lei de cotas

  1. Redução da renda: Metade das vagas reservadas para cotistas será destinada a estudantes com renda familiar de até um salário mínimo por pessoa (R$ 1.320), ao contrário do critério atual de um salário mínimo e meio per capita.
  2. Inclusão de quilombolas: Está prevista a inclusão de estudantes quilombolas nas cotas das instituições federais de ensino. Assim, até o momento, os beneficiados eram negros, pardos, indígenas, com deficiência e de baixa renda da rede pública.
  3. Preenchimento das cotas: O projeto introduz um novo método de preenchimento das vagas. Inicialmente, os candidatos cotistas competirão pelas vagas de ampla concorrência. Então, caso a pontuação não seja suficiente para ingressar nessa categoria, os cotistas concorrerão às vagas destinadas aos seus subgrupos (pretos, pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e alunos da escola pública), proporcionando aos cotistas mais de uma chance de ingressar na universidade.
  4. Auxílio estudantil: Estudantes que optarem por cotas terão prioridade para receber bolsas de permanência e outros auxílios estudantis.
  5. Pós-graduação: O projeto estipula que as instituições devem adotar medidas afirmativas para inclusão de negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência em programas de pós-graduação. Assim, as estratégias a serem adotadas não são especificadas, o que concede autonomia às entidades.
  6. Revisão: A cada dez anos, a política de cotas passará por avaliação, com monitoramento anual.

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Aprovação do projeto

O Ministério da Igualdade Racial, que desempenhou um papel importante na aprovação do projeto de lei, enxerga a inclusão das ações afirmativas nos programas de pós-graduação como um avanço. Dessa forma, a diretora de Políticas de Ações Afirmativas do ministério, Anna Venturini, destaca que a proposta oferece flexibilidade para que cada programa de pós-graduação possa desenvolver suas próprias políticas afirmativas.

Além disso, Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e relatora da política de cotas raciais na instituição em 2003, considera que a renovação das cotas é necessária no Brasil. No entanto, ela enfatiza que é crucial não perder de vista que essa é uma política temporária e que a educação para todos deve ser o enfoque permanente.

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Como é a Lei de cotas atualmente?

Aprovada em agosto de 2012, a Lei 12.711 estabeleceu que 50% das vagas nas universidades federais e institutos federais de ensino seriam reservadas para alunos provenientes de escolas públicas. Assim, a outra metade permaneceria aberta para a concorrência geral.

Dentro desse sistema de cotas, metade das vagas é destinada a estudantes de escolas públicas cuja renda familiar seja igual ou inferior a um salário mínimo e meio por indivíduo. Sendo assim, os 50% restantes são direcionados aos alunos da rede pública com renda familiar superior a esse limite. Dessa forma, em ambos os casos, há uma cota para autodeclarados negros, pardos e indígenas, com o percentual correspondente a esses grupos na população total da unidade federativa onde a instituição está localizada, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, a partir de 2017, pessoas com deficiência também passaram a ser contempladas pelas cotas, seguindo a proporção da população do estado e do Distrito Federal.

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Quais os tipos de cotas que existem atualmente?

Atualmente, no Brasil, existem diversos tipos de cotas. Elas buscam promover a inclusão e a igualdade de oportunidades em diferentes áreas, principalmente na educação e no mercado de trabalho. Alguns dos tipos de cotas mais comuns são:

  1. Cotas Raciais: Reservam vagas para pessoas negras, pardas e indígenas. Tudo isso visando combater a desigualdade racial. Além disso, promover a representatividade desses grupos em locais historicamente desfavorecidos.
  2. Cotas Sociais: Destinadas a estudantes provenientes de escolas públicas e de baixa renda, essas cotas visam democratizar o acesso ao ensino superior e outras instituições, reduzindo as barreiras financeiras.
  3. Cotas para Pessoas com Deficiência: Buscam garantir a inclusão de pessoas com deficiência em diferentes setores da sociedade, promovendo acessibilidade e igualdade de oportunidades.
  4. Cotas de Gênero: São medidas que visam aumentar a participação de mulheres em posições de liderança e em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como cargos executivos e políticos.
  5. Cotas para Minorias Étnicas e Culturais: Algumas políticas de cotas também são voltadas para grupos étnicos ou culturais específicos, como quilombolas e povos originários.
  6. Cotas em Concursos Públicos: Em alguns casos, concursos públicos podem reservar uma porcentagem de vagas para candidatos de determinados grupos. Por exemplo, negros, pardos e pessoas com deficiência.
  7. Cotas em Empresas: Algumas empresas adotam cotas para garantir a diversidade em seus quadros de funcionários. Assim, promovem a inclusão de pessoas de diferentes origens, raças e gêneros.
  8. Cotas em Programas de Pós-Graduação: Como mencionado anteriormente, há políticas de cotas voltadas para a inclusão de grupos minoritários em programas de pós-graduação, buscando equidade nesse nível de ensino.

Por que a Lei de cotas é importante?

A Lei de Cotas é importante porque busca corrigir desigualdades históricas e estruturais. Além disso, acaba promovendo a inclusão e a igualdade de oportunidades para grupos que historicamente foram marginalizados. Também para os que foram discriminados ou tiveram dificuldades de acesso a determinados setores da sociedade. Por exemplo, a educação e o mercado de trabalho. Assim, existem várias razões pelas quais a Lei de Cotas é considerada relevante:

  1. Combate à Desigualdade: A lei visa enfrentar a desigualdade social e econômica que tem suas raízes em anos de discriminação e privação. Dessa forma, proporcionando oportunidades de avanço para grupos historicamente desfavorecidos.
  2. Inclusão Social: A lei reserva vagas em instituições de ensino superior, empresas e outros espaços para pessoas de grupos sub-representados. Assim, a Lei de Cotas visa incluir esses indivíduos em áreas que antes estavam fora de seu alcance.
  3. Diversidade e Representatividade: A inclusão de diferentes grupos étnicos, raciais, de gênero e socioeconômicos contribui para uma sociedade mais diversificada e representativa. Dessa forma, acabam enriquecendo o ambiente com diferentes perspectivas e experiências.
  4. Promoção da Educação: No contexto educacional, as cotas permitem que estudantes de escolas públicas e de baixa renda tenham acesso a uma educação de qualidade. Assim, acabam incentivando a busca por conhecimento e a formação acadêmica.
  5. Estímulo ao Potencial: A Lei de Cotas reconhece o potencial de indivíduos que, de outra forma, poderiam ser excluídos de oportunidades educacionais e profissionais. Dessa forma, permite que eles desenvolvam seus talentos e habilidades.
Natalia Rosso

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