O Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF), que revelou nesta sexta-feira (08) ter aberto um inquérito com o intuito de investigar a postura do órgão quanto ao uso do “kit Covid”, um grupo de medicamentos ineficazes usados para o tratamento da doença.
Em nota, o MPF revelou que procuradores irão avaliar se ajuizarão ou não uma ação contra o conselho após a investigação do caso, que começou após uma representação de Bruno Caramelli, um cardiologista professor da USP, que apontou que o CFM estaria apoiando o “uso indiscriminado do tratamento precoce com medicamentos sem nenhuma evidência científica sobre seus benefícios”.
Na nota em que comenta sobre a abertura do inquérito, o MPF relata que a Procuradoria da República em São Paulo, a partir de informações preliminares, constatou que existem “inúmeros argumentos que indicam uma atuação possivelmente irregular do CFM”.
Inexistência de posicionamento
Um dos argumentos defendidos pelo médico da USP na ação contra o CFM é que a instituição não adotou nenhum posicionamento firme contra o uso do “Kit Covid”. Segundo ele, essa falta de ação acabou impulsionando “um abrandamento das medidas efetivas de combate à pandemia”, pois uma boa parte da população passou a acreditar que há tratamento.
Ministério da Saúde usou parecer do CFM
Em outro momento, Bruno Caramelli ainda destaca que um parecer favorável ao “kit Covid” foi publicado pelo CFM e, inclusive, usado pelo Ministério da Saúde, que se embasou no documento, como bem disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação, Mayra Pinheiro, à CPI da Covid-19, para passar a recomendar a adoção desses medicamentos.
Outra ação
Essa não foi a primeira ação contra o CFM. Na semana passada, assim como publicou o Brasil123, a Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou uma ação civil pública pedindo que o conselho pague, ao menos, R$ 60 milhões por danos morais coletivos por sua parcela de responsabilidade no resultado do enfrentamento à pandemia.
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