Imagine abrir o contracheque e notar que o desconto do Imposto de Renda simplesmente sumiu. É isso que promete o projeto já aprovado pela Câmara dos Deputados que eleva a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, com abatimento gradual até R$ 7.350. Se o Senado confirmar o texto e o presidente sancionar até o fim de 2025, a regra entrará em vigor em janeiro de 2026, turbinando o salário líquido de ao menos 10 milhões de brasileiros. Confira, a seguir, todos os detalhes sobre a nova tabela, o impacto no bolso e as críticas que ainda cercam a proposta.
Como funcionará a nova isenção do IR em 2026
O coração da mudança está na criação de um desconto automático na fonte que zera o imposto para rendas de até R$ 5 mil. Em 2026, o abatimento mensal chegará a R$ 312,89, valor calculado para anular totalmente o tributo nessa faixa. Para quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, o desconto começa em R$ 978,62 e cai de forma progressiva até desaparecer quando o salário ultrapassa R$ 7.350.
Importante frisar que o desenho atual da tabela continua intacto: não há mudanças nas alíquotas nem nas faixas tradicionais. A novidade é apenas o mecanismo de dedução que garante a isenção do Imposto de Renda para renda baixa e um alívio gradual para a classe média.
- Desconto cheio: até R$ 5.000 de salário.
- Desconto parcial: de R$ 5.000,01 a R$ 7.350.
- Sem desconto: acima de R$ 7.350.
Segundo a Receita Federal, essa reformulação deve retirar mais 10 milhões de contribuintes da base do IR, somando 20 milhões de isentos se considerarmos as mudanças já feitas em 2023 e 2024.
Quanto o salário líquido realmente aumenta
O reforço no bolso dependerá do seu contracheque. Quem recebe exatamente R$ 5 mil verá um ganho de R$ 312,89 por mês, algo em torno de R$ 4.070 ao ano, já contando o 13.º salário. Rendas mais baixas ganharão percentualmente mais; quem ganha R$ 4 mil, por exemplo, embolsará cerca de R$ 115 extras todo mês, um crescimento de quase 37% sobre o imposto pago hoje.
A tabela abaixo ilustra casos práticos com base no estudo da Confirp Contabilidade:
- Salário de R$ 3.600 → ganho mensal de R$ 54,76 (10,4%).
- Salário de R$ 4.400 → ganho mensal de R$ 177,89 (52,5%).
- Salário de R$ 6.000 → ganho mensal de R$ 179,75 (38,9%).
- Salário de R$ 7.200 → ganho mensal de R$ 19,98 (3,6%).
Perceba que o maior alívio percentual situa-se entre R$ 3.400 e R$ 5.000. Acima de R$ 7.350, nenhum valor será abatido, mantendo a tributação atual.
Quem se beneficia da isenção e quem pode ficar de fora
A isenção do Imposto de Renda contemplará diversos perfis:
- Trabalhadores formais com carteira assinada.
- Aposentados e pensionistas do INSS.
- Autônomos que recolhem carnê-leão.
- Servidores públicos civis e militares.
- Pessoas com múltiplas fontes de renda cujos ganhos somados não ultrapassem R$ 5 mil.
Um exemplo comum: um contribuinte que recebe R$ 2.600 de um emprego e R$ 2.300 de outro totalizará R$ 4.900 e ficará totalmente isento a partir de 2026. Já profissionais com vários CNPJs que ultrapassem o limite precisarão calibrar os recebimentos ou continuarão pagando IR, ainda que menor, até R$ 7.350.
Ficam de fora da regra aqueles cuja renda principal ou somada supere R$ 7.350 mensais, além de pessoas que recebem lucros e dividendos — alvo de outra frente de debate tributário no Congresso.
Quando a nova tabela passa a valer
Apesar do aval na Câmara, falta o Senado votar o projeto. Se aprovado sem mudanças, o texto segue para sanção presidencial. O calendário oficial prevê:
- Votação no Senado: até o 2.º semestre de 2025.
- Sanção presidencial: até dezembro de 2025.
- Início da vigência: janeiro de 2026 (folha referente a fevereiro).
O adiamento da sanção empurraria a data de entrada em vigor para o ano subsequente, pois o princípio da anterioridade exige 90 dias entre a publicação da lei e a aplicação da nova cobrança—ou, neste caso, da nova desoneração.
Críticas, desafios e próximos passos
Embora a proposta tenha recebido apoio maciço, há vozes dissonantes. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) afirmou em plenário que a cobrança de lucros e dividendos para financiar a medida “não chegará aos mais pobres, mas aos cofres públicos”, classificando o projeto como ineficaz para a redução da desigualdade. Já o vice-líder da oposição Capitão Alden (PL-BA) teme fuga de capitais: “Os mais ricos levarão o dinheiro para fora e o mercado de trabalho sofrerá”.
“Vamos cobrar dos mais ricos para dar aos mais pobres. Isso é mentira! Esse dinheiro vai para os políticos”, disse Gilson Marques.
Economistas ouvidos pela imprensa reconhecem que o aumento da isenção do Imposto de Renda alivia o consumo interno, mas alertam para a necessidade de compensar a perda de arrecadação — estimada em R$ 18 bilhões ao ano — sem elevar o déficit público. Entre as alternativas discutidas estão:
- Tributação de lucros e dividendos acima de determinado patamar.
- Revisão de incentivos fiscais setoriais.
- Avanço na reforma do imposto sobre consumo (IVA dual).
Para o cidadão, a recomendação é simples: acompanhar a tramitação no Senado, simular seus rendimentos no site da Receita Federal e planejar o orçamento de 2026 considerando o provável aumento do salário líquido.
Mantenha-se atento às atualizações legislativas aqui no Idosos Brasil para saber, em primeira mão, quando a isenção do Imposto de Renda se tornará realidade e como aproveitar ao máximo o dinheiro extra no bolso.