Inflação sobe 0,12% em julho, puxado pela alta da gasolina

Nesta sexta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados referentes ao indicador oficial da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo a instituição, o indicador sofreu alta de 0,12% no mês de julho em relação ao mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA atingiu 3,99%. Por outro lado, a alta acumulada do ano é de 2,99%.

Nesse sentido, a inflação brasileira vinha desacelerando desde o mês de junho. Segundo especialista, a volta da aceleração da inflação está relacionada principalmente a alta da gasolina, que atingiu 4,75% no mês de julho. O resultado de julho veio acima do esperado pelo mercado, que apontava uma alta de 0,07% em julho. Segundo especialistas, a desaceleração na inflação de serviços motivou a discrepância do resultado com as expectativas.

Cinco de nove grupos tiveram alta no IPCA

O IBGE apontou que a maioria dos grupos que compõe o cálculo do indicador oficial da inflação brasileira tiveram alta em julho. Apresentaram alta os grupos: transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e artigos de residência. Por outro lado, apresentaram queda: habitação, vestuário, comunicação e alimentação e bebidas.

“Os três grupos com maior peso no IPCA tiveram movimentos inversos. Houve variação positiva para Transportes, com 0,31 p.p. para cima, enquanto alimentação e bebidas, e habitação trouxeram o índice em 0,26 p.p. para baixo”, disse André Almeida, analista do IBGE.

Nesse sentido, o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), André Braz, disse que são esperadas novas altas. Ainda, segundo ele, o aumento do IPCA nos últimos 12 meses é esperado, principalmente pelos cortes de impostos que ocorreram no mesmo período do ano passado.

“Isso vai acontecer porque no terceiro trimestre do ano passado, entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou quedas muito intensas. Foi aquele período de corrida eleitoral, quando houve cortes de impostos na energia elétrica, na gasolina e também nas telecomunicações, que pesam muito no IPCA. E esse ano, a inflação que a gente espera para julho, agosto e setembro – ainda que seja baixa – não vai ser tão baixa quanto a do ano passado. Então isso vai fazer com que a taxa em 12 meses volte a acelerar”, disse André Braz.

INPC, índice de inflação para famílias de baixa renda, teve queda

Seguindo ritmo inverso ao IPCA, o INPC registrou queda de 0,09% em julho. O indicador é voltado para as famílias que possuem renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, sendo inclusive utilizado para calcular o reajuste do piso salarial nacional. André Braz, também explicou os motivos da disparidade entre o IPCA e o INPC.

“A diferença do INPC para o IPCA está no peso. O INPC é para famílias com renda entre um e cinco salários mínimos mensais. Então a gasolina, por exemplo, tem um peso menor no custo de vida de famílias com menor renda, porque quanto menor a renda, menor a probabilidade de você ter carro, menor a probabilidade de você gastar com gasolina. Outro fator é que quanto menos se ganha também, mais se compromete da renda com alimentos e os alimentos caíram de preço. Então se queda na alimentação favorece mais o INPC do que o IPCA”, disse André Braz.