Inflação na América Latina se relaciona a crise política e climática

A inflação da América Latina está mais visível a cada ano: cada vez mais trabalho, mas o esforço tem comprado menos comida e menos serviços. Segundo a explicação do El País, a recuperação da economia mundial e as interrupções nas cadeias de abastecimento são parcialmente responsáveis, mas também existem fatores endógenos em alguns países que contribuíram: incerteza política, condições climáticas e um aumento extraordinário no consumo.

Até julho de 2021, o Brasil estava segundo lugar na tabela de inflação anual entre os países da América Latina, perdendo apenas a Argentina. A recuperação das economias avançadas levou ao aumento dos preços do petróleo, de modo que seus derivados, como a gasolina, também tiveram alta nos preços. O custo do combustível como fonte de energia tem um efeito dominó, impactando muitos outros bens de consumo e serviços, incluindo transporte.

William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics em Londres, explicou que o confinamento e o cotidiano de trabalho dentro de casa impulsionaram a demanda por bens de consumo e eletrodomésticos, adicionando à mistura um aumento na demanda por coisas cuja oferta já estava caindo. Isso os torna mais caros.

Para ajudar, a situação política na América Latina também não é a das melhores. Um dos maiores exemplo é no Peru, após a vitória de Pedro Castillo para a presidência, o clima político foi tomado por desconfiança e desconforto. “A situação política cria incerteza, o dólar subiu, isso cria efeitos na bolsa, alguns produtores dizem que os insumos estão subindo”, disse Crisologo Cáceres, presidente da ASPEC, em um comunicado. “No Peru, no setor de alimentos há oligopólios que combinam entre si aumentar o frango, oxigênio, papel, botijão de gás ou remédios”.

Quem é Pedro Castillo, novo presidente do Peru?

O candidato de 51 anos surpreendeu pelo alto desempenho no primeiro turno. O novo presidente peruano nasceu na pequena cidade andina de Puña, na província de Chota, onde os moradores costumam usar chapéu de aba larga, como Castillo usava em suas viagens e até mesmo no único debate presidencial realizado nesta campanha.

Castillo ganhou fama em 2017, após liderar uma greve de professores de quase três meses exigindo aumento de salários dos professores. Na campanha, ele prometeu um aumento para professores públicos e ameaçou fechar o Congresso se os parlamentares não aceitarem seus planos. Segundo Castillo, a Suprema Corte do país defendia a “grande corrupção”; entretanto, durante sua campanha, o candidato recuou em suas visões radicais, dizendo que seguiria a Constituição “enquanto ela estiver em vigor”. Se Castillo seguir seus planos à risca, deverá em breve abrir uma nova Assembleia Constituinte.

Apesar de se intitular um candidato de esquerda, o presidente do Peru também é famoso por adotar certos posicionamentos conservadores. Por exemplo, Castillo sempre se recusou a legalizar o aborto, é contra o “enfoque de gênero” na educação e tem relutado em reconhecer os direitos de minorias sexuais. Ele ainda declarou que não é comunista, em resposta a uma das alegações feitas pelos fujimoristas.

Gabriella Meister

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