Uma apuração recente identificou que os sistemas de saúde da Europa sofrem cada vez mais com a pressão causada pelo novo surto de Covid-19. Mais precisamente após o surgimento da nova variante, a Ômicron, os hospitais voltaram a ficar superlotados diante da ágil disseminação do vírus durante as festividades de final de ano.
O que já se esperava e que foi motivo de vários alertas emitidos por especialistas e entidades de saúde veio à tona, as reuniões em prol das comemorações de Natal e Ano Novo tiveram uma grande influência sobre o número de infectados pela Covid-19. Entre os adoecidos estão, inclusive, profissionais da saúde ou em auto-isolamento.
Ainda assim, especialistas preveem que o pico de contaminação deve chegar, mesmo que em ritmo lento. A princípio, não se esperava impactos expressivos oriundos da variante Ômicron, tendo em vista os estudos iniciais que apontaram um baixo risco da doença mais grave ou hospitalização em comparação à variante Delta, que predominava até então.
De toda forma, os hospitais de toda a Europa, como na Itália, Espanha, Reino Unido e outros países, se encontram em situações cada vez mais pavorosas. Diante da gravidade do cenário, o Reino Unido precisou colocar as principais companhias privadas de saúde em alerta máximo a partir desta segunda-feira, 10, com o propósito de promover tratamentos essenciais para a doença.
Entre os tratamentos viabilizados estarão as cirurgias oncológicas, na hipótese de os níveis de hospitalizações ou escassez de funcionários se agravarem e comprometerem o funcionamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) na Inglaterra. Por esta razão, o país também passou a designar funcionários militares para que possam apoiar os hospitais em virtude do recorde de casos registrados para Covid-19.
Em nota à imprensa, o diretor médico da NHS, Professor Stephen Powis, disse que “a Ômicron significa mais pacientes para atender e menos profissionais para atendê-los”. Ao comparar o cenário em outros locais, nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, é possível observar que os hospitais locais também decidiram antecipar as cirurgias eletivas para que os profissionais e os leitos fossem liberados.
Em contrapartida, a rede primária de Saúde da Espanha está sobrecarregada em um nível tão alto que, até o penúltimo dia de 2021, as autoridades da região de Aragão, no nordeste do país, precisaram autorizar a reincorporação de enfermeiros e profissionais de saúde aposentados. Segundo as autoridades espanholas, o aumento exponencial dos casos de Covid-19 quer dizer que o atendimento primário não possui condições de realizar todas as tarefas de combate à doença por conta própria.
É o caso do rastreamento de contatos combinado à campanha de vacinação de modo adequado, além das atividades ordinárias dos hospitais. Para o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, pode ser este o momento de recorrer a parâmetros inovadores na tentativa de um combate mais agressivo à pandemia da Covid-19.
Segundo uma reportagem publicada pelo jornal “El País”, o governo espanhol tem avaliado novos métodos semelhantes ao de rastreamento da gripe, ou seja, sem testes generalizados e registros de casos.
Assim, trabalhadores que atuam na linha de frente, como enfermeiros e fisioterapeutas costumam ser os profissionais mais atingidos pela Covid-19, de acordo com o sindicato espanhol de enfermagem (STSE). Em nota, o sindicato também mostrou que na região de Andaluzia os grupos de profissionais mencionados correspondem a mais de 30% dos funcionários afastados por Covid-19 somente na segunda metade do mês de dezembro.
Vale mencionar que, na região sul da Espanha, aproximadamente mil profissionais foram infectados pela Covid-19 nas últimas semanas de 2021, gerando graves impactos na cobertura do serviço.