Uma pesquisa elaborada pela Tendências Consultoria, a pedido do GLOBO revelou que aproximadamente 16% da renda recebida pelos brasileiros tem como fonte pagadora o próprio governo federal. Este pagamento é realizado através de aposentadorias, pensões e benefícios sociais, tais como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Bolsa Família, que atendeu pelo nome de Auxílio Brasil durante os dois últimos anos do governo Bolsonaro.
Nesse sentido, a atual dependência da população brasileira de recursos vindos do governo federal chega a superar a de 2004, ano de implementação do Bolsa Família. Na época, 13,2% da renda total da população era paga pelo Estado. Mas é importante apontar que, desde então, a dependência só foi menor que o ano de implementação do programa em 2006, quando atingiu 12,98%.
No entanto, do total pago pelo governo federal aos brasileiros atualmente, 12,33% é receita de aposentadorias e pensões, 2,1% de pagamentos do Bolsa Família e 1,3% de pagamentos do Benefício de Prestação Continuada. O volume de pagamentos de aposentadorias praticamente permaneceu inalterado em relação a 2004, quando o percentual era de 12,33%.
Por outro lado, o percentual de pagamentos do Bolsa Família na composição de renda dos brasileiros é quase quatro vezes maior que os 0,4% do ano de lançamento de do Bolsa Família. O BPC seguiu o mesmo caminho, no entanto, o volume de pagamentos é praticamente duas vezes maior que na época, quando 0,6% do volume de pagamento à população vinha do benefício.
Renda brasileira deteriorou desde 2004
O aumento de pagamentos de benefícios por parte do governo pode ser explicado por diversos fatores, todos eles relacionados às crises econômicas enfrentadas desde o ano de lançamento do Bolsa Família. Devido à estas crises, brasileiros perderam trabalho e, consequentemente, perderam renda vinda de seus empregos.
Um outro ponto é que, além de perderam seu trabalho, brasileiros também tiveram que enfrentar altas inflações durante este período. Aqueles que possuem seu salário corrigido pela inflação tendem a sofrer menor impacto, contudo, esta não é uma realidade de todos os brasileiros, sendo importante lembrar que a inflação atinge de forma diferente as diversas camadas da população, onde os mais pobres são os mais sensíveis.
Governo não atualiza tabela de Imposto de Renda há algum tempo
Além disso, existe uma defasagem na tabela de Imposto de Renda que vem sufocando os ganhos dos trabalhadores. Para efeito de análise, a tabela de Imposto de Renda não sofre reajuste integral desde 1996, apenas havendo uma mudança na faixa de isenção em 2016, quando a então presidente Dilma Roussef mudou para R$1903,98 o salário mínimo para isenção.
Para se ter noção, atualmente, brasileiros que ganham um salário mínimo e meio terão que, a partir deste ano, realizar a declaração de imposto de renda. A defasagem acumulada é de 147,87% e, embora o governo federal ja tenha acenado para uma possível reforma tributária, ainda não se sabe quando irá ocorrer e ser irá recuperar toda a defasagem da atual tabela de Imposto de Renda.
Sendo assim, caso a situação econômica do Brasil não melhore e, ao mesmo tempo, o governo não faça uma reforma tributária, a tendência é que, com o passar do tempo, mais ele tenha cada vez mais participação na composição da renda dos brasileiros.