Entre galãs dos doramas e corações acelerados, é fácil confundir ficção com realidade. Roteiristas criam homens aparentemente perfeitos, capazes de gestos cinematográficos que deixam qualquer pessoa suspirando. No entanto, quando analisamos suas atitudes com lupa, percebemos sinais de alerta que jamais toleraríamos em um relacionamento saudável. Neste artigo, você vai ver cinco protagonistas adorados — de “Flower of Evil” a “Nevertheless” — que não seriam bons namorados fora da tela. Prepare-se para repensar suas expectativas e entender como curtir os K-dramas sem cair na armadilha da idealização.
Por que idealizamos os galãs dos doramas?
Os galãs dos doramas são construídos para mexer com emoções. Trilha sonora suave, enquadramentos românticos e diálogos ensaiados criam um clima de perfeição que dificilmente existe na vida real. Um estudo da Universidade de Hanyang (2023) mostrou que 68% das espectadoras admitem projetar nos parceiros características vistas em séries coreanas.
Quando envolvemos sentimentos, tendemos a ignorar comportamentos problemáticos — controle, ciúmes extremos ou segredos obscuros — que, na narrativa, são tratados como obstáculos superáveis. É justamente aí que mora o perigo. Como alerta a psicóloga cultural Shin Hye-jin:
“A ficção pode romantizar traços tóxicos e levar o público a aceitá-los como demonstrações de amor.”
Do Hyun Soo – Flower of Evil: segredos sombrios demais
No thriller “Flower of Evil”, Do Hyun Soo (Lee Joon-Gi) vive anos sob identidade falsa para escapar de acusações de assassinato. Embora demonstre carinho pela família, ele mente sistematicamente para a esposa, detetive de polícia.
Na vida real, um parceiro capaz de ocultar o passado com tanta frieza mina a base de qualquer relacionamento: confiança. Além disso, Hyun Soo apresenta traços de dissociação emocional, o que dificulta empatia e comunicação aberta.
Lee Young Joon – What’s Wrong with Secretary Kim: narcisismo além da conta
Lee Young Joon (Park Seo-Joon) é o clássico CEO bem-sucedido que acredita ser a melhor coisa que aconteceu ao mundo. Seu narcisismo cômico funciona como alívio dramático na série, mas causaria exaustão fora dela.
Pessoas narcisistas tendem a menosprezar o parceiro, exigindo atenção constante e reconhecimento de superioridade. O relacionamento se torna unilateral, gerando insegurança e baixa autoestima em quem está ao lado.
Goo Joon Pyo – Boys Over Flowers: bullying não é prova de amor
Responsável por apresentar muitos brasileiros aos K-dramas, Goo Joon Pyo (Lee Min-Ho) possui histórico de bullying, agressões verbais e uma postura de “garoto mimado”. A narrativa mostra sua evolução, mas não apaga o trauma causado à protagonista.
Admirar a transformação do personagem é legítimo, mas relevar comportamento abusivo com a expectativa de redenção futura alimenta ciclos tóxicos. Na prática, mudança genuína exige terapia, tempo e, principalmente, reconhecimento de culpa — algo que nem sempre ocorre.
Park Jae Eon – Nevertheless: o rei do desapego emocional
O charme misterioso de Park Jae Eon (Song Kang) cativa rapidamente, mas ele deixa claro que não acredita em relacionamentos sérios. Manipula com gestos carinhosos para manter as parceiras próximas, sem oferecer compromisso.
Esse padrão gera ansiedade, pois instala um jogo de “aproxima e foge”. Quem entra nessa dinâmica acaba confundindo desejo com afeto verdadeiro, perpetuando frustração. Fora do roteiro, transparência sobre intenções é regra básica para um namoro saudável.
Han Seo Jun – True Beauty: bad boy com baixa estabilidade
Em “True Beauty”, Han Seo Jun (Hwang In-Youp) é o típico bad boy: impulsivo, ciumento e propenso a explosões de humor. Embora demonstre lealdade, falta maturidade para lidar com conflitos sem drama.
Relacionamentos equilibrados exigem controle emocional, comunicação clara e responsabilidade afetiva — características ainda em construção no personagem. Se você busca estabilidade, fuja de atitudes que transformam qualquer discussão em palco de altos e baixos.
Como aproveitar os K-dramas sem criar expectativas irreais
Amar galãs dos doramas é diversão garantida, desde que a tela não substitua a vida real. Veja algumas estratégias:
- Assista de forma crítica: identifique comportamentos tóxicos enquanto aprecia a trama.
- Converse com amigos: trocar impressões ajuda a manter a perspectiva.
- Diferencie fantasia de realidade: lembre-se de que roteiro e edição criam situações impossíveis.
- Estude relacionamentos saudáveis: livros e terapia podem reforçar limites e autoestima.
Seguindo essas dicas, você continua curtindo seus galãs dos doramas favoritos sem comprometer sua visão sobre relacionamentos reais. Afinal, maratonar K-drama é ótimo; viver romance saudável, melhor ainda.












