Imagine poder tirar a Carteira Nacional de Habilitação gastando até 80 % menos e escolhendo livremente como estudar. Esse cenário ganhou corpo após o Ministério dos Transportes abrir, em 2 de outubro de 2025, uma consulta pública CNH que discute o fim da autoescola obrigatória no Brasil. A iniciativa promete mexer com bolsos, rotinas de aprendizagem e, claro, com a segurança no trânsito. A seguir, entenda o que está em jogo, quais são as novas opções de formação de condutores e como você pode opinar antes que a mudança vire regra.
Por que o fim da autoescola obrigatória entrou em debate?
O principal argumento do governo é democratizar o acesso à carteira de motorista. Dados oficiais mostram que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação porque o processo atual é caro e burocrático. Outras estatísticas alarmantes reforçam o problema:
- 45 % dos proprietários de motocicletas circulam sem CNH.
- 39 % dos donos de automóveis também não possuem habilitação.
- O custo da habilitação pode chegar a R$ 3,2 mil nos grandes centros urbanos.
“Milhões ficam à margem porque o modelo é excludente, caro e demorado”, destacou o ministro Renan Filho ao anunciar a proposta.
Para o Ministério dos Transportes, o fim da autoescola obrigatória não elimina a necessidade de provas teóricas e práticas, mas amplia as formas de preparação, tornando o processo acessível a mais cidadãos.
Como funcionaria o novo modelo sugerido?
Caso as mudanças sejam aprovadas após a consulta pública CNH, o candidato poderá escolher entre diversas trilhas de aprendizagem. As principais alternativas são:
- Manter a autoescola tradicional, para quem prefere o formato atual.
- Contratar instrutor autônomo credenciado pelo Detran, pagando apenas pelas aulas que julgar necessárias.
- Estudar por conta própria para a prova teórica, usando livros, vídeos ou cursos on-line.
- Usar plataformas digitais aprovadas pelos Detrans, com simulados e videoaulas.
A obrigatoriedade de 20 aulas práticas desaparece; o candidato decide quantas precisa para se sentir seguro. Ao final, todos devem agendar os exames oficiais e cumprir os requisitos médicos e psicológicos de sempre.
Impacto financeiro e segurança viária
O governo projeta redução de até 80 % no custo da habilitação. Em vez de desembolsar R$ 3,2 mil, o futuro motorista poderia investir pouco mais de R$ 600, dependendo do número de aulas práticas contratadas. Essa economia viria de dois pontos:
- Eliminação da taxa mínima de aulas exigidas.
- Concorrência entre autoescolas, instrutores independentes e plataformas EAD.
Críticos temem que o fim da autoescola obrigatória aumente acidentes. Já os defensores lembram que países com sistemas flexíveis, como Canadá e Japão, mantêm focos rígidos nos exames finais, e não no método de estudo. Assim, a responsabilidade recai sobre a avaliação do Detran, que seguiria aplicando provas criteriosas.
Exemplos internacionais e lições para o Brasil
A proposta brasileira espelha modelos de formação adotados em:
- Estados Unidos e Canadá – alunos podem aprender com familiares ou instrutores privados e apenas comprovam aprendizado nos testes oficiais.
- Inglaterra – foco total no exame prático de direção; a preparação é livre.
- Uruguai e Paraguai – oferta híbrida: autoescolas, instrutores independentes e cursos on-line convivem.
Nos países citados, o desempenho final do candidato é o parâmetro decisivo. Ao trazer a discussão para cá, o Ministério dos Transportes quer priorizar a autonomia do futuro condutor sem descuidar da segurança viária.
Como participar da consulta pública e próximos passos
A proposta ficará aberta por 30 dias na plataforma Participa + Brasil. Qualquer cidadão pode:
- Ler o texto na íntegra.
- Enviar comentários, críticas ou sugestões.
- Apoiar trechos com os quais concorda.
Terminada essa fase, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) analisará as contribuições e publicará a resolução final. Caso tudo corra sem grandes ajustes, o fim da autoescola obrigatória poderá começar ainda em 2025 para as categorias A (motos) e B (carros). Na sequência, o governo pretende estender a flexibilização às categorias C, D e E.
Quer fazer parte da mudança? Acesse a plataforma, registre sua opinião e compartilhe o link com quem também deseja pagar menos pela CNH e, quem sabe, dirigir de forma mais consciente. O debate está aberto e o futuro da formação de condutores depende da participação de todos.