Estudo mostra que 60% dos servidores federais já testemunharam corrupção

Um estudo feito pelo Banco Mundial e divulgado nesta quinta-feira (11) mostra que 60% dos 20 mil servidores federais entrevistados, isto é, uma a cada dez, já presenciaram atos antiéticos ou de corrupção ao longo de suas carreiras.

Segundo o relatório, a infração mais comum relatada foi a ajuda de servidores a amigos ou parentes. De acordo com o levantamento, a cada cinco pessoas, uma já observou algum colega de trabalho aceitar dinheiro ou presentes de particulares.

Em nota, o Banco Mundial revelou que a pesquisa foi feita em maio deste ano e serviu para analisar, de maneira específica, os últimos três anos de trabalho desses profissionais. Nas entrevistas, constatou-se que um a cada quatro servidores que denunciaram as irregularidades sofreram algum tipo de retaliação depois do ato.

De acordo com o Banco Mundial, dentre as práticas irregulares mais relatadas, estão, ainda:

  • Deixar de seguir as regras por pressão do seu supervisor – 54% presenciaram algo irregular;
  • Obter benefícios profissionais em função de vínculos com políticos ou autoridades – 51,9%;
  • Priorizar interesses não legítimos nas estratégias e projetos da organização (39,16%).

Servidores não denunciam sem proteção

Durante a pesquisa, o Banco Mundial descobriu um fato interessante: somente 33% das testemunhas dos atos de corrupção fizeram denúncias.

De acordo com as pessoas que não denunciaram, a omissão aconteceu porque elas não acreditam que exista alguma proteção para aqueles que denunciam essas irregularidades.

Segundo Daniel Ortega Nieto, especialista sênior para o setor público do Banco Mundial, “existe pouco treinamento em nível federal sobre questões de anticorrupção e antiética e falta apoio de dirigentes para levar esta pauta para frente”.

Além disso, ele relata sobre a necessidade de que os servidores recebam treinamentos dos programas de integridade das organizações para que elas saibam quais as formas de denunciar essas irregularidades no serviço público.

Isso porque, conforme ele aponta, uma servidora pode conhecer a existência de um programa de combate anticorrupção, mas talvez não conheça os detalhes de como levar as denúncias para frente.

“Então, aí existe um espaço para as autoridades competentes identificarem este processo e possivelmente tomarem ainda mais informações sobre o que, de fato, está sendo o gargalo ou os gargalos principais para que os servidores denunciem”, conclui Daniel Ortega.

Leia também: Alto valor de diárias pagas a procuradores da Lava Jato é investigado pelo TCU

Alisson Ficher

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