Envelhecer não significa abrir mão de sabor ou de uma vida ativa. No entanto, muitos brasileiros com mais de 60 anos ainda cometem erros de alimentação que sabotam a disposição diária, aumentam o risco de doenças crônicas e dificultam o controle de peso. Se você chegou a essa fase da vida — ou cuida de alguém que chegou —, vale a pena revisar alguns hábitos e adotar ajustes simples que trazem resultados rápidos. A seguir, explico os cinco deslizes mais frequentes, por que eles ocorrem e, principalmente, como evitá-los sem transformar a cozinha em laboratório ou o prato em planilha.
1. Pular refeições e compensar com lanches calóricos
Com a aposentadoria, a rotina muda e muitos idosos passam a acordar mais tarde, eliminando o café da manhã ou o jantar “porque não sentem fome”. O problema é que, algumas horas depois, surge a vontade de petiscar biscoitos, bolos ou salgadinhos altamente calóricos. Esse é um dos erros de alimentação mais comuns e prejudica a glicemia, a massa muscular e o bom humor.
Como evitar:
- Estabeleça horários fixos para três refeições principais e dois lanches leves.
- Inclua alimentos com fibras e proteínas (frutas com iogurte natural ou sanduíche integral com queijo branco).
- Mantenha frutas já lavadas e oleaginosas por perto para reduzir a tentação de produtos ultraprocessados.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), manter intervalos regulares de 3 a 4 horas entre as refeições ajuda a preservar a massa magra e controla o apetite.
2. Consumir pouca proteína no dia a dia
Músculos fortes sustentam a postura, protegem as articulações e evitam quedas. Ainda assim, muitos adultos maduros ingerem menos de 1,0 g de proteína por quilo de peso corporal — abaixo do recomendado. Esse déficit é outro erro de alimentação típico que acelera a sarcopenia (perda de massa magra) e pode comprometer a autonomia.
Como evitar:
- Inclua fontes proteicas em todas as refeições: ovos no café da manhã, feijão ou lentilha no almoço, frango, peixe ou tofu no jantar.
- Varie as opções: combinar proteína animal e vegetal melhora o aporte de aminoácidos e reduz o consumo de gorduras saturadas.
- Converse com um nutricionista sobre suplementação de proteína de soro de leite ou colágeno se houver dificuldade em alcançar a meta diária.
3. Esquecer de se hidratar ao longo do dia
A sensação de sede diminui com a idade, mas as necessidades de água continuam altas. A desidratação leve já afeta a memória, aumenta a pressão arterial e piora a constipação. Ignorar a ingestão de líquidos figura entre os principais erros de alimentação após os 60 anos.
Como evitar:
- Estabeleça a meta de 30 ml de água por quilo de peso corporal, salvo orientação médica diferente.
- Deixe uma garrafa de 500 ml à vista e reabasteça ao menos três vezes por dia.
- Inclua chás claros, sopas leves e frutas ricas em água (melancia, melão, laranja) na rotina.
4. Exagerar no sal e no açúcar sem perceber
Paladar é memória. Se durante décadas o tempero foi forte ou a sobremesa obrigatória, o hábito permanece. Entretanto, o excesso de sal favorece hipertensão e insuficiência renal, enquanto o açúcar em exagero se vincula à diabetes tipo 2 e ao ganho de peso. Ambos configuram erros de alimentação silenciosos — muitas vezes escondidos em molhos prontos, embutidos e refrigerantes.
Como evitar:
- Reduza gradualmente o sal de cozinha e experimente temperos naturais: ervas frescas, alho, cebola e limão.
- Troque refrigerantes por água com gás e limão e reserve a sobremesa açucarada para ocasiões especiais.
- Leia rótulos: qualquer produto com mais de 300 mg de sódio ou 10 g de açúcar por porção deve ser consumidor com moderação.
5. Baixo consumo de fibras, vitaminas e minerais essenciais
Intestino preso, colesterol elevado e déficit de vitamina B12 são queixas frequentes nessa faixa etária. Dieta pobre em hortaliças, frutas e cereais integrais fecha o círculo de erros de alimentação, pois retira fibras e micronutrientes indispensáveis ao metabolismo e à saúde mental.
Como evitar:
- Encha metade do prato de verduras e legumes variados — quanto mais cores, melhor o perfil nutricional.
- Prefira arroz integral, aveia ou quinoa em lugar do arroz branco tradicional.
- Inclua fontes de B12 (peixes, carnes magras, ovos) e, se necessário, peça ao médico exame para avaliar a suplementação.
Ao corrigir esses cinco erros de alimentação, você fortalece o sistema imunológico, melhora a disposição para atividades físicas e ainda mantém o peso sob controle. Ajustes simples podem ser implementados hoje mesmo. Se houver condições médicas específicas, procure um nutricionista ou geriatra para individualizar as recomendações. Cuide-se e sinta a diferença a cada refeição!











