Um caso triste e revoltante foi registrado na cidade de São Luís, no Maranhão. De acordo com os estudantes Jadilson Campos, Rubenspierre Costa e Gabriel Diniz, em entrevista ao portal “G1”, nesta segunda-feira (20), eles foram fazer uma pesquisa de preço em uma autoescola da capital do estado e, além de terem sido tratados como bandidos, tiveram suas imagens jogadas na internet pelo empresário que é dono do local.
O caso veio à tona durante a semana, depois que o empresário foi às redes sociais e postou um vídeo em que, em um primeiro momento, aparece Jadilson, que de camisa azul, entra e senta em frente à recepcionista da autoescola. Instantes depois, os dois outros estudantes chegaram.
No vídeo, o empresário diz que “por pouco” não foi assaltado. Ainda conforme ele, os jovens foram ao local com esse objetivo, relembrando ainda que teve um prejuízo de R$ 6 mil no último assalto. “O jeito é cancelar o CPF das almas sebosas”, diz o homem, que não teve seu nome revelado.
Acusação injusta
Segundo Jadilson, sua única intenção era pegar informação sobre os valores para se fazer uma carteira de motorista. “Minha mãe mandou eu ir me informar pra tirar a carteira A e a B. A gente foi vacinar e na volta a gente passou lá. Só para me informar mesmo o preço da carteira. Só isso”, relatou ele ao portal “G1”.
De acordo com Rubenspierre, depois que as informações foram dadas, eles foram embora do local. “Nessa que a gente foi na autoescola, eu fui estacionar o carro. Enquanto eu estacionava, o Jadilson foi primeiro para pegar informação para não demorar muito tempo lá dentro da autoescola. Bebemos água e eu fui e perguntei pra ele se já tava tudo feito e aí a gente saiu”, disse.
Estudantes expostos
Conforme explica os jovens, após a publicação do vídeo, eles passaram a se sentirem constrangidos. Além disso, a família também teme pela integridade dos garotos, pois alguém pode reconhecê-los e pensar que eles são, de fato, assaltantes. Depois do fato, as famílias foram até à delegacia e prestaram queixas contra o empresário por crimes contra a honra e ameaças.
OAB fala em racismo
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) divulgou que está ciente do caso. Prova disso é que a entidade já pediu que o Ministério Público investigue o caso, que tem traços de racismo. “A partir do momento que as vítimas, três jovens são identificados como ladrões, esse crime de racismo ele cria um manancial, ele cria uma fonte para que vários outros crimes venham a acontecer”, começou a entidade.
“Essas pessoas estão ameaçadas de vida, elas têm toda uma preocupação que elas não tinham antes e, principalmente, elas estão com a suas imagens completamente destruídas e a gente precisa trabalhar forte para que haja, também, a reparação criminal, quem sabe com a reclusão dessa pessoa que está sendo acusada, mas também a reparação no lado cível para que a gente possa fazer uma transformação na vida dessas pessoas”, terminou a OAB no comunicado.
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