‘É isso que nós queremos?’, diz Bolsonaro sobre a volta da esquerda ao poder

O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou nesta quarta-feira (23), aos gritos, propostas que estão sendo feitas pela esquerda nos últimos meses supostamente para reerguer o país. “É isso que nós queremos para o Brasil?”, questionou o chefe do Executivo ao citar medidas que poderiam ser tomadas por essa ala política.

Durante seu discurso, feito via internet para participantes do BTG Pactual CEO Conference 2022, Bolsonaro disse que não estava fazendo campanha antecipada, pois isso quem faz é a esquerda, mas somente alertando para o que poderá acontecer caso outra pessoa assuma a cadeira no Palácio do Planalto que hoje pertence a ele.

“O que está em jogo no nosso Brasil é a nossa liberdade e a nossa economia. É isso que nós queremos para o Brasil? Dá para deixar tudo rolar numa boa, quem chegar chegou? Tudo bem, ninguém vai sofrer nada com isso, a economia vai continuar numa boa”, afirmou o presidente.

A fala do chefe do Executivo aconteceu depois de ele ter citado 16 medidas e perguntar aos empresários como um governo de esquerda lidaria com esses assuntos. De acordo com o presidente, por exemplo, seus adversários, caso eleitos, podem revogar a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista e a da Previdência, além de legalizar as drogas e o aborto.

“O outro lado defende exatamente tudo isso daí, eu creio que isso tudo, caso viesse a ser implementado, como estaria a Economia do nosso Brasil? Há alguma diferença entre nós ou alguns dos senhores vai falar que está tudo resolvido, não tem problema, o que vier a gente vai interagir e o Brasil vai para frente”, disse Bolsonaro.

Em seguida, ele, que esteve ao lado dos ministros Paulo Guedes, da Economia, e Ciro Nogueira, da Casa Civil, questionou os empresários se sua explicação já não era suficiente para os que o ouviam passassem a apoiá-lo nas eleições deste ano.

“Isso já não é suficiente para pessoas com responsabilidade tomarem uma posição? Responsabilidade não é só com a economia, é com a vida, é com a liberdade, é com o futuro do seu país. E nós sabemos o que vai acontecer com essa pátria se esses bandidos voltarem para cá”, afirmou.

Bolsonaro ainda disse que não estava fazendo campanha antecipada, pois isso, segundo o presidente, quem faz é a esquerda. (Foto: reprodução)

Bolsonaro ataca STF e sistema eleitoral

Além de críticas aos seus adversários políticos, Bolsonaro, sem citar nenhum nome, criticou o Judiciário brasileiro e recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) como a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.

“Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das quatro linhas. Mas, por favor, vocês dois ou três, não estiquem essa corda. Vocês vão ter que vir para as quatro linhas, afinal de contas todos nós temos limites”, afirmou o presidente.

Não suficiente, o chefe do Executivo voltou, mais uma vez sem nenhuma prova, criticar o atual sistema eleitoral brasileiro. “Mas onde vamos chegar? De termos um sistema eleitoral que você pode não comprovar que é fraudável”, começou Bolsonaro, que já confessou que não tem nenhuma prova de suas argumentações.

“Mas você não tem como comprovar também que não pode ser fraudado. A alma da democracia é o voto, tanto é que para cassar parlamentar na Câmara — não sei se continua assim, apesar do meu tempo do voto eletrônico — se fazia no papel”, finalizou o presidente, que havia prometido não tocar mais no assunto, mas, pelo visto, mudou de ideia e voltou a colocar em dúvida o tema.

Leia também: Férias de Bolsonaro na virada do ano custaram quase um milhão aos cofres públicos