Virar de um lado para o outro, olhar o relógio de 15 em 15 minutos e acordar cansado no dia seguinte parece familiar? Se sim, você não está sozinho: a Associação Brasileira do Sono estima que 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia eventual ou crônica. A boa notícia é que existem dicas para dormir melhor baseadas em evidências científicas e fáceis de aplicar. Neste artigo, você entenderá o que sabota o seu descanso, aprenderá técnicas simples de higiene do sono e descobrirá quando vale buscar ajuda profissional. Siga a leitura e transforme suas noites a partir de hoje!
Entenda o que atrapalha seu sono
Antes de aplicar qualquer técnica, identifique as causas do problema de sono. Estudos da Universidade de Harvard apontam que fatores comportamentais explicam quase 80 % dos casos de insônia primária. Entre os vilões mais comuns estão:
- Uso de telas até tarde, especialmente a luz azul emitida por celulares e tablets.
- Consumo de cafeína após as 15 h — meia-vida média de 6 horas no organismo.
- Irregularidade de horários para deitar e levantar.
- Ambiente quente, iluminado ou barulhento.
- Ansiedade e ruminação mental elevadas.
Ainda assim, problemas de saúde como apneia, refluxo gastroesofágico, depressão e efeitos colaterais de medicamentos também minam o descanso.
“Tratar o sintoma sem olhar a causa é trocar seis por meia dúzia”, alerta a biomédica Quezia Andrade, CRBM2 17394.
Faça um diário do sono por sete dias: anote horário de deitar, tempo até adormecer, despertares, consumo de estimulantes e humor. Esse simples registro ajuda a mapear padrões e a aplicar as próximas dicas para dormir melhor.
Higiene do sono: hábitos diurnos que fazem diferença
Dicas para dormir melhor não se limitam à hora de deitar. Elas começam quando você acorda:
- Luz natural pela manhã: abra a janela ou caminhe ao ar livre por 10 min. A claridade regula o ciclo circadiano e estimula a produção de serotonina.
- Atividade física regular: 30 min de exercício moderado, preferencialmente antes das 18 h, reduzem o tempo para pegar no sono em até 55 %, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício.
- Sonecas com moderação: limite-se a 20 min após o almoço. Cochilos longos ou tarde demais diminuem a pressão do sono noturno.
- Controle de cafeína e nicotina: substitua o café vespertino por chás descafeinados. Estas substâncias são estimulantes potentes.
- Organize agendas e preocupações: uma lista de tarefas para o dia seguinte alivia a ansiedade que costuma aparecer na hora de deitar.
Ao incorporar esses comportamentos, a tendência é que o corpo comece a “pedir cama” no horário certo, sem esforço.
Ritual noturno para sinalizar o descanso
Criar uma sequência de passos repetidos todas as noites condiciona o cérebro a entender que o momento de desligar chegou. Veja um modelo de ritual de 60 min — ajuste conforme suas preferências:
- 60 min: desligue telas ou ative filtros de luz amarela. Diminua a intensidade das lâmpadas.
- 45 min: tome um banho morno; a queda de temperatura corporal pós-banho facilita o adormecer.
- 30 min: pratique respiração 4-7-8, meditação guiada ou alongamento leve.
- 15 min: leia um livro físico sob luz indireta ou ouça música calma.
- Hora de deitar: quarto escuro, temperatura entre 18 °C e 22 °C, colchão e travesseiro adequados.
Se, mesmo após 20 min na cama, o sono não vier, levante-se e realize uma atividade relaxante em outro cômodo. Retorne apenas quando sentir sonolência. Essa técnica, chamada controle de estímulos, evita que o cérebro associe a cama ao estado de alerta.
Alimentação e substâncias que impactam o sono
A relação entre nutrição e sono é bidirecional: dormir mal desequilibra hormônios da fome, e comer mal atrapalha o descanso. Inclua no jantar alimentos fonte de triptofano, magnésio e vitaminas do complexo B, precursores da melatonina:
- Banana, abacate, nozes e sementes.
- Peixes ricos em ômega-3, como sardinha e salmão.
- Grão-de-bico, lentilha e aveia.
Evite refeições pesadas e gordurosas até duas horas antes de deitar; elas intensificam refluxo e desconforto abdominal. Sobre bebidas, considere substituir o café noturno por chá de camomila, mulungu ou passiflora. Segundo revisão da Universidade de São Paulo (2024), essas plantas demonstram redução de latência do sono em 15 a 20 min.
Também vale atenção aos sleep killers silenciosos: álcool, energéticos e excesso de açúcar. O álcool até induz sonolência, mas fragmenta as fases profundas, gerando despertares frequentes.
Quando procurar ajuda profissional
Se, após aplicar as dicas para dormir melhor por quatro semanas, você ainda:
- Dorme menos de 6 h por noite com cansaço diurno.
- Demora mais de 30 min para adormecer na maioria dos dias.
- Ronca alto, engasga ou acorda sufocado.
- Apresenta mudanças de humor, memória e produtividade.
Procure um médico do sono ou neurologista. Exames como polissonografia detectam distúrbios respiratórios ou movimentos involuntários. A terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) exibe taxa de sucesso acima de 80 % e dispensa, em muitos casos, o uso prolongado de medicamentos.
Lembre-se de que remédios hipnóticos só devem ser usados sob prescrição e por tempo limitado.
“O objetivo é ensinar o cérebro a dormir, não dopá-lo”, reforça o neurologista Dr. Carlos Schenck, referência em distúrbios do sono.
Com informação de qualidade e um plano de ação consistente, você pode virar a página da insônia. Comece hoje mesmo a aplicar estas dicas para dormir melhor, e acorde revigorado para viver o dia com mais energia e bom humor!












