O dólar subiu 0,72% no pregão desta sexta-feira (21) e fechou o dia cotado a R$ 5,4542. Contudo, o avanço não impediu a segunda queda semanal consecutiva da moeda norte-americana. A saber, a divisa caiu 1,06% nesta semana e aumentou a desvalorização em janeiro para -2,16% ante o real.
Nas sessões da semana, os investidores repercutiram bastante o aumento dos juros nos Estados Unidos. Em resumo, o mercado estava convicto, no geral, de uma alta dos juros em março. No entanto, o avanço da variante Ômicron na maior economia mundial está fazendo os analistas repensarem suas previsões.
A propósito, os EUA registram há 18 dias mais de 500 mil casos por dia, em média. O valor é muito superior aos níveis registrados em 2020 e 2021, quando a média diária não ultrapassou os 300 mil registros. Isso só aconteceu em 29 de dezembro do ano passado.
Além disso, o país registra desde 2 de dezembro mais de mil óbitos diários, em média. Aliás, a média ultrapassou duas mil mortes diárias na véspera (20).
Diante desse cenário, muitos analistas passaram a acreditar que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, não elevará os juros no país em março. Como a pandemia segue firme no país, diversas atividades estão sofrendo com trabalhadores doentes, e isso pode fazer a atividade econômica do país perder o ritmo de recuperação.
Embora a situação preocupe, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou na semana que a Ômicron não deverá atrapalhar a retomada econômica do país.
Cenário doméstico também influencia dólar
Os investidores também ficaram de olho nas notícias domésticas. Em suma, as reivindicações de servidores públicos por aumento de 28% dos seus salários repercutiram na semana. A saber, os servidores fizeram um protesto na última terça-feira (18) e a situação ainda preocupa.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro não deverá dar reajustes para nenhum servidor em 2022, aliviando as tensões no mercado. Na verdade, Bolsonaro tinha a intenção de elevar apenas os salários da segurança pública. Contudo, parece ter mudado de ideia, visto que o Brasil não segue bem das pernas na questão fiscal.
Em síntese, os investidores temem os aumentos de salários, pois elevam os gastos públicos. Inclusive, a credibilidade fiscal do Brasil caiu no ano passado com a promulgação da PEC dos Precatórios, cujo principal objetivo era financiar o Auxílio Brasil, ou seja, aumentar os gastos do governo.
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