A professora da Universidade de Oxford e responsável pela coordenação dos estudos clínicos da vacina da Oxford/AstraZeneca no Brasil, a médica infectologista e pediatra Sue Ann Costa Clemens afirmou que a população brasileira “deu um show” na vacinação contra Covid-19. A declaração foi dada em entrevista à revista Veja.
“Começamos a vacinação de forma lenta, porém hoje somos um país com uma das maiores taxas de população totalmente vacinada. Apresentar 70% da população protegida é algo que temos de aplaudir. É preciso bater palmas para o SUS porque não adianta ter vacina e não a fazer chegar à população. Além disso, os brasileiros participaram de importantes ensaios clínicos cujos dados permitiram a aprovação de vacinas”, disse Sue Ann.
Segundo números do consórcio de veículos de imprensa com dados das secretarias estaduais de Saúde, o Brasil vacinou mais de 150,6 milhões de habitantes contra Covid-19 com duas doses ou com a dose única, o que corresponde a 70,11% da população total do país.
Perguntada sobre a recente polêmica envolvendo a aprovação da vacinação contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos, a médica ressaltou que todas as vacinas autorizadas para uso são eficientes e seguras.
“Os riscos de quadros graves de covid-19 são infinitamente maiores do que os apresentados por qualquer vacina. Por isso, é crucial proteger as crianças também”, disse ela.
É cedo para saber se vacinação infantil contra Covid-19 precisará de dose de reforço
Para saber se as crianças precisarão de uma dose de reforço, Sue Ann afirmou que ainda não há dados sobre o assunto para embasar tal decisão. “Contudo, se formos fazer uma analogia com o que ocorre nos adultos, será preciso esperar de quatro a seis meses para medirmos as respostas imunológicas das pessoas nessa faixa etária”, afirmou.
Na avaliação dela, a população mundial deverá aprender a conviver com a Covid-19 e as autoridades devem investir em vigilância, testagem e sequenciamento genético para identificar novas variantes do coronavírus.
“O futuro não é adaptar vacina toda hora, mas investir em prevenção e tratamentos e conseguir remédios em abundância e acessíveis para a população”, disse a médica infectologista.