A pandemia no Irã causou uma das crises de saúde mais sérias no Oriente Médio. O país conta mais de 1,5 milhão de infecções do novo coronavírus e quase 60 mil mortes em 82 milhões de habitantes. Apesar da gravidade da situação, o governo autorizou oficialmente o uso de uma vacina, a russa Sputnik V, apenas na semana passada.
Atualmente 10 mil doses da vacina já chegaram ao país, e outras 2 milhões devem chegar nos próximos dois meses. O fato de o Irã estar atrasado no plano de vacinação deve-se em parte às difíceis relações com os países ocidentais.
A ordem de não comprar vacinas produzidas no Ocidente veio do líder supremo do Irã. O Aiatolá Ali Khamenei, o mais importante líder religioso no país, desafiou a confiança das vacinas ocidentais. Por isso, o governo iraniano se voltou para a Rússia, país com o qual mantém boas relações há décadas, inclusive durante a guerra na Síria ao lado do presidente sírio Bashar al Assad.
Mas a decisão de Khamenei não foi bem recebida pela comunidade científica iraniana. Especialistas argumentam que a segurança da saúde das vacinas deve vir antes de questões políticas relacionadas a alianças e inimizades internacionais. As críticas chegaram no início de fevereiro, embora o jornal científico Lancet tenha publicado os resultados preliminares dos testes da vacina Sputnik V, que foi eficaz com 91,6%.
Além disso, nenhum efeito adverso sério foi encontrado nas pessoas que receberam a vacina, que mostrou uma eficácia de 91,8%, mesmo em quem tem mais de 60 anos. A primeira dose da vacina russa no Irã foi administrada ao vivo pela televisão, para incentivar as pessoas a se vacinarem e eliminar dúvidas sobre a eficácia do Sputnik V.
Vacinas do Ocidente no Irã
Apesar das críticas do Aiatolá Khamenei, na verdade, o Irã também garantiu vacinas além da russa, inclusive ocidentais. As doses chegarão por meio do COVAX, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre várias associações para garantir que as vacinas contra a Covid-19 cheguem mesmo aos países mais pobres. Dessa forma, o Irã receberá cerca de 4,2 milhões de doses da vacina produzida pela AstraZeneca, que devem chegar até o final de fevereiro.
Enquanto isso, o governo iraniano negocia a compra de vacinas da Índia e da China, mas também quer acelerar a produção dos próprios laboratórios. Segundo o Financial Times, a indústria farmacêutica iraniana tem uma longa história de fabricação de vacinas, embora algumas sejam importadas.
O Iranian Pasteur Institute, um dos mais antigos centros de pesquisa em questões de saúde, anunciou que colabora com Cuba no desenvolvimento do Soberana 2, uma das duas vacinas produzidas pelos cubanos. Serão feitos testes clínicos em 150 mil pessoas em Cuba e mais de 40 mil iranianos nas próximas semanas. A Soberana 2 deve ser aprovada em maio no Irã.
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