A pneumologista e cientista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, afirmou que “não é hora de tirar máscara em ambiente fechado”, manifestando preocupação com as medidas anunciadas por diversas cidades brasileiras, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, que desobrigaram o uso do equipamento de proteção em locais fechados.
Na avaliação da médica, “essas medidas foram precipitadas”. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Para ela, a pandemia de Covid-19 provavelmente não será a última epidemia enfrentada pela geração.
“Se você me perguntar do que eu tenho medo, como acho que a vida no planeta vai acabar, eu não citaria bomba atômica ou um meteorito. Diria que tende a acabar com epidemias, sobretudo agora com o homem favorecendo ecologicamente o surgimento de novas doenças”, disse ela ao Estadão.
Ao ser questionada sobre as medidas de Rio de Janeiro e São Paulo, que recentemente acabaram com a obrigatoriedade do uso de máscaras contra Covid-19 em locais abertos e fechados, Dalcolmo se diz preocupada. Ela considera tal medida um erro e diz que a prioridade no momento deveria ser vacinar as crianças.
“Estou muito preocupada com esse afã muito precipitado de tomar medidas administrativas e comportamentais, como retirar a exigência do uso de máscaras em ambientes fechados. Considero um erro. Não é hora de tirar máscara em ambiente fechado. Essa é outra discussão com a qual não deveríamos estar perdendo tempo. A prioridade agora é vacinar criança, convencer os pais da importância da vacina”, afirmou a especialista.
Outro tema em debate no Brasil, e em outros países, é a necessidade de uma quarta dose da vacina contra Covid-19. Enquanto São Paulo já está aplicando a dose adicional em idosos com mais de 80 anos, o Ministério da Saúde diz que faltam dados científicos que embasem a necessidade da quarta dose.
“Sim, a quarta dose é uma indicação. A diferença, em termos de proteção, é muito grande. A doença começa a ir se estiolando, se tornando endêmica. Eventualmente teremos um surto aqui, um cluster ali, mas dificilmente um comportamento epidêmico mais amplo. Sobre a vacinação anual, não creio que precisaremos tomar mais vezes. Eu particularmente acho que não”, disse a pneumologista.