De acordo com a infectologista e epidemiologista Luana Araújo, ex-secretária do Ministério da Saúde, os eventos-teste com público vacinado anunciados por algumas cidades brasileiras possuem apenas caráter científico e não servem como preparação para flexibilizar as restrições contra a Covid-19.
Os eventos-teste foram anunciados por cidades como Salvador, que pretende realizar um evento com presença de 500 pessoas no Centro de Convenções no dia 29 de julho. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também afirmou que eventos-teste serão realizados no estado.
Na avaliação de Luana, que foi demitida pelo governo federal e prestou depoimento à CPI da Covid, o evento-teste “é um experimento científico, não é um experimento social”.
“Tem de obedecer inúmeras regras pra que a gente tenha a informação que a gente quer sobre ele [o evento-teste]”, disse a infectologista à CNN neste sábado (17). “Não é um teste para flexibilização, é para entender em que ponto estamos [da pandemia].”
Luana Araújo explica que o evento-teste serve para “mensurar” as eventuais infecções pelo coronavírus após a aglomeração, além de medir se as pessoas estão protegidas com apenas uma dose da vacina e se o país ainda está longe de pode pensar em ampliar a flexibilização das restrições.
“O que a gente espera dos gestores é que na hora de executar esse teste, seja dentro dessas regras e responda a esse tipo de questionamento, não é um preparatório de flexibilização”, afirma Luana.
Brasil terá grandes eventos como Réveillon e Carnaval?
Ao ser questionada sobre a possibilidade de o Brasil ter festas de Carnaval em 2022, a infectologista disse que o país “tem todo o potencial diante do nosso sistema de saúde”, mas pediu cautela.
“Se vai acontecer no réveillon é um desafio enorme”, disse. “Precisa contar com a participação do povo, tem de esclarecer que sem a participação dele nas medidas de prevenção e vacinação, a gente não vai ter isso, e não adianta planejar.”, acrescentou.
Para que seja possível a realização de tais eventos, o governo também precisaria investir em campanhas de conscientização, segundo Luana.
“A gente nunca teve uma boa campanha de informação. Sempre foi entregue às pessoas e meios de comunicação o dever de buscar a informação sobre o que deveriam fazer, o que é complexo quando a gente enfrenta tamanha quantidade de fake news por aí.”