Imagine pagar uma fração do valor atual para conquistar a sua CNH sem autoescola. O tema dominou audiências na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados e movimentou o Ministério dos Transportes. Se aprovado, o projeto extingue a obrigação de aulas em centros de formação de condutores, mantendo apenas as provas teórica e prática aplicadas pelos Detrans. A expectativa é que a mudança, prevista para 2025, democratize o processo de habilitação e gere economia imediata para milhões de brasileiros.
Como surgiu a proposta de CNH sem autoescola
A discussão ganhou força em 2024 depois que parlamentares apresentaram um projeto de lei inspirado em modelos dos Estados Unidos e de alguns países europeus. O Ministério dos Transportes avaliou o texto e confirmou a possibilidade de reduzir até 80% do custo total do procedimento. Hoje, o candidato paga em média R$ 3.000,00 pelas categorias A e B, valor que inclui taxas, exames médicos e principalmente as aulas obrigatórias nas autoescolas.
Na prática, o projeto altera o artigo que exige o curso teórico-prático. O candidato continuaria fazendo o exame psicológico, a prova de legislação de trânsito e o exame de direção, mas poderia estudar por conta própria ou com um instrutor particular. Segundo a relatoria, “não se trata de abolir as autoescolas”, e sim de torná-las opcionais, garantindo liberdade de escolha sem comprometer a fiscalização do Estado.
Quanto é possível economizar com o novo modelo
De acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Transportes, até 70% do valor da primeira carteira de motorista é absorvido por aulas teóricas e práticas em autoescolas. Eliminando a obrigatoriedade, o gasto final poderia cair de R$ 3.000,00 para algo próximo de R$ 600,00 — diferença que representa, para muitos jovens, o salário de um mês inteiro.
- Taxas do Detran (exame médico, prova teórica e prática): permanecem inalteradas.
- Aulas presenciais e práticas: tornam-se facultativas, gerando a principal economia.
- Materiais de estudo: podem ser gratuitos, via portais oficiais e simulados on-line.
A combinação de menor custo e flexibilidade tende a ampliar o número de condutores regularizados, contribuindo para a formalização do trânsito, especialmente em municípios pequenos onde não há autoescolas disponíveis.
Pontos a favor e críticas debatidas no Congresso
Os defensores da CNH sem autoescola destacam três vantagens: acesso financeiro, autonomia de aprendizagem e ampliação do direito de ir e vir. “A habilitação não pode ser privilégio”, argumentou a deputada federal Mariana Silva (PSB) durante audiência pública em março de 2025.
Do lado oposto, entidades de instrutores e seguradoras alertam para a possibilidade de aumento de acidentes. Elas alegam que o contato com um profissional qualificado reduz erros de direção defensiva. Técnicos do Denatran, porém, sustentam que a prova prática obrigatória continuará sendo uma barreira de qualidade. “Quem não estiver preparado não passará”, reforçou o diretor João Medeiros.
“A liberdade de escolha não elimina a responsabilidade. Vamos manter exames rigorosos e modernizar a avaliação prática”, disse João Medeiros, diretor de Educação no Trânsito do Denatran.
Modelos internacionais e lições para o Brasil
Nos Estados Unidos, cada estado define regras próprias, mas, em geral, o candidato aprende com familiares e realiza um teste de direção no órgão de trânsito local. Na França e na Alemanha, existe a figura do instrutor independente, credenciado pelo governo, que acompanha o aluno apenas na fase final de preparação. Esses exemplos mostram que o processo de habilitação pode ser flexível sem comprometer a segurança, desde que exista um exame final robusto.
No Brasil, a adoção de simuladores on-line, bancos de questões atualizados e cursos de direção defensiva a distância já indica uma migração gradual para o modelo híbrido. Caso a lei seja aprovada, autoescolas poderão oferecer pacotes modulares — apenas aulas práticas, por exemplo — focando em candidatos que buscam reforço específico em manobras ou baliza.
Preparação autônoma: passo a passo para quem quer a CNH em 2025
Se você planeja obter a CNH sem autoescola quando a regra entrar em vigor, organize-se com antecedência:
- Estude a legislação: baixe gratuitamente o Código de Trânsito Brasileiro e utilize simulados oficiais do Detran.
- Faça aulas particulares: contrate um instrutor credenciado ou peça ajuda a um motorista experiente de confiança. Combine horários em vias calmas, progredindo para cenários mais complexos.
- Pratique em condições variadas: dirija de dia e à noite, sob chuva leve e em rodovias, sempre respeitando os limites da Permissão Para Dirigir (PPD).
- Agende os exames: acompanhe a tramitação da lei no Portal da Câmara e, após a sanção, solicite a inscrição em seu Detran estadual.
- Mantenha a responsabilidade: usar celular ao volante, não usar cinto ou conduzir sob efeito de álcool continuam infrações gravíssimas.
Para ficar por dentro das votações, acesse o Sistema de Deliberação Remota da Câmara na seção da Comissão de Viação e Transportes. O calendário de audiências é atualizado semanalmente e inclui espaço para participação popular.
Com a aprovação da CNH sem autoescola, o Brasil se alinha a práticas internacionais e oferece uma alternativa mais acessível à população. A combinação de exames rigorosos e liberdade de preparação tem potencial para reduzir custos, estimular a educação no trânsito e, ao mesmo tempo, manter altos padrões de segurança viária.