Entre os países que mais avançam na vacinação contra o coronavírus está o Chile, que também foi um dos mais afetados pela pandemia em toda a América Latina. O país não tem recursos econômicos comparáveis aos dos Estados Unidos ou da União Europeia, mas em poucos meses conseguiu vacinar mais de 25% da população com pelo menos a primeira dose, segundo o Our World in Data.
O sucesso não é só graças a uma campanha de vacinação bem organizada, mas também à capacidade de negociação do governo chileno, que decidiu fazer a pré-encomenda de vacinas a várias empresas farmacêuticas.
De acordo com dados oficiais, o Chile conta com mais de 867 mil casos do novo coronavírus e mais de 21 mil mortes relacionadas à Covid-19. Após alguns meses de relativa estabilidade, a partir de dezembro, com o início do verão, as infecções voltaram a aumentar, atingindo mais de 5 mil casos por dia no começo do mês.
No entanto, até o momento, cerca de 4,6 milhões de pessoas dos cerca de 19 milhões de habitantes foram vacinadas pelo menos uma vez no Chile. O resultado é muito maior do que no Brasil, assim como na maioria dos países que iniciaram a vacinação algumas semanas antes do Chile.
Vacinação no Chile
As primeiras vacinações no Chile foram realizadas entre o final de dezembro e meados de janeiro, com a vacina desenvolvida pela Pfizer-BioNTech. Como em muitos outros países, os primeiros a serem vacinados foram os médicos e enfermeiras mais expostos à infecção.
A campanha de vacinação em massa começou no início de fevereiro. Graças às primeiras doses recebidas da vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac foi possível começar a imunizar também grupos de pessoas consideradas em risco. Portanto, todos os demais trabalhadores da saúde, os idosos, pessoas com doenças crônicas e trabalhadores essenciais. Hoje, a etapa de imunização no Chile abrange pessoas entre 54 e 59 anos que sofrem de doenças crônicas.
Existem vários motivos que justificam o avanço do Chile em comparação com outros países. Em primeiro lugar, o governo chileno foi rápido em negociar com as empresas farmacêuticas que desenvolveram as vacinas contra o coronavírus. Já em meados de 2020, o Chile reservou mais de 30 milhões de doses de diferentes vacinas. Além disso, foi um dos primeiros países a escolher diversificar e pré-encomendar vacinas de diversas empresas.
90 milhões de doses
Por isso, o Chile terá um total de aproximadamente 90 milhões de doses, incluindo as da Pfizer-BioNTech, AstraZeneca e Johnson & Johnson, além da CoronaVac, das quais cerca de 60 milhões de doses já foram encomendadas. Além disso, o país espera receber doses adicionais por meio do programa COVAX, que visa disponibilizar cerca de 2 bilhões de doses da vacina até o final do ano para países de renda média e baixa.
Em segundo lugar, a campanha de vacinação foi bem organizada e coordenada de forma eficaz, também graças à experiência adquirida com campanhas anteriores de vacinação em massa. No Chile, existem cerca de 1.400 pontos de vacinação ativos e cerca de 140 mil pessoas são vacinadas todos os dias. Outro motivo pelo qual o país teve vantagem nas negociações com as empresas farmacêuticas, é que várias instituições chilenas participaram dos testes de vacinas.