Nas últimas semanas, o Ministério da Saúde acelerou a entrega do antídoto contra intoxicação por metanol em todo o país. A segunda remessa de etanol farmacêutico chegou a mais quatro unidades da Federação e elevou o total de ampolas distribuídas para 1.125. A medida foi tomada após o aumento de ocorrências ligadas a bebidas adulteradas, sobretudo em São Paulo e Paraná. A preocupação principal é impedir que novos casos evoluam para quadro grave de cegueira ou morte, já que o tratamento precisa começar logo após a suspeita. Neste artigo, você verá como a distribuição foi organizada, o panorama epidemiológico, as diferenças entre os medicamentos disponíveis e as orientações de atendimento imediato.
Como o Ministério da Saúde está distribuindo o antídoto
A logística do antídoto contra intoxicação por metanol segue critérios de risco e notificação. Em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a pasta montou um estoque estratégico e envia o insumo conforme a demanda de cada estado.
Confira a quantidade de ampolas já despachadas:
- Acre – 30
- Bahia – 90
- Ceará – 120
- Distrito Federal – 90
- Goiás – 75
- Mato Grosso do Sul – 60
- Pernambuco – 240
- Paraná – 360
- Rio de Janeiro – 60
Além das 1.125 unidades em circulação, o governo iniciou a compra de mais 60 mil ampolas de etanol farmacêutico para reforçar o estoque nacional. O secretário de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ewandro Porto, afirmou que “os envios continuarão enquanto houver qualquer risco de desabastecimento”.
Situação epidemiológica: números atualizados até 6 de outubro de 2025
O último boletim do ministério registra 217 notificações de intoxicação após consumo de bebidas alcoólicas, sendo 17 confirmadas por laboratório e 200 em investigação. São Paulo concentra 82% dos casos (15 confirmados e 164 suspeitos), seguido do Paraná, com dois registros confirmados.
Outros 12 estados – entre eles Acre, Goiás e Pernambuco – notificaram possíveis ocorrências. Houve dois óbitos confirmados em São Paulo e mais 12 mortes sob análise em Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraíba e Ceará.
“Os profissionais da linha de frente devem notificar assim que houver suspeita, sem aguardar resultado de exame”, orientou o ministro Alexandre Padilha.
Para articular ações conjuntas, o Ministério da Saúde montou uma Sala de Situação Nacional com representantes de vigilâncias estaduais e municipais. O grupo ficará ativo enquanto persistir o risco sanitário.
Etanol farmacêutico x fomepizol: o que muda no tratamento
O antídoto contra intoxicação por metanol no SUS sempre foi o etanol farmacêutico. Ele compete com o metanol pelas enzimas hepáticas e impede que o veneno vire ácido fórmico, responsável pelos danos neurológicos e visuais. Entretanto, seu uso pode causar hipoglicemia e depressão respiratória, exigindo monitoramento intensivo.
Para ampliar as alternativas terapêuticas, o ministério comprou 2.500 unidades de fomepizol de uma farmacêutica japonesa, que também doou outras 100 caixas. O fomepizol inibe diretamente a alcooldesidrogenase, apresenta menos efeitos adversos e requer menor volume de infusão.
Em breve, ele reforçará o arsenal de 60 mil novas ampolas de etanol farmacêutico já encomendadas. Ambos os fármacos permanecerão disponíveis, garantindo que o antídoto contra intoxicação por metanol chegue a todos os pacientes, independentemente da localização.
Onde realizar diagnóstico e como proceder diante de suspeita
A Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária mobilizou três centros capazes de confirmar o agente tóxico em poucas horas:
- Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF)
- Laboratório Municipal de São Paulo
- Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz)
Caso um hospital suspeite de envenenamento, deve coletar amostras de sangue ou urina e enviá-las a um desses laboratórios. Contudo, o tratamento com o antídoto contra intoxicação por metanol não precisa aguardar a confirmação laboratorial.
O protocolo de atendimento inclui:
- Suporte ventilatório e hemodinâmico imediato;
- Administração de etanol farmacêutico ou fomepizol conforme disponibilidade;
- Hemodiálise em casos de acidose metabólica grave;
- Acompanhamento oftalmológico pelas primeiras 72 horas.
Se você ingeriu bebida de procedência duvidosa e apresenta náusea, visão turva ou dor de cabeça intensa, procure o SAMU (192) ou a emergência mais próxima. Leve o rótulo ou a embalagem da bebida para auxiliar no diagnóstico.
Próximos passos e orientações para a população
O Ministério da Saúde continuará monitorando a distribuição do antídoto contra intoxicação por metanol através da Sala de Situação Nacional. Um painel público já está ativo no site Monitora RJ, trazendo dados em tempo real sobre suspeitas, confirmações e óbitos.
Para reduzir o risco de envenenamento, vale adotar medidas simples:
- Compre bebidas somente em estabelecimentos legalizados;
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado;
- Observe lacres, selos de controle fiscal e validade;
- Em festas, mantenha sua bebida sob supervisão e não aceite recipientes abertos de desconhecidos.
Enquanto persistir a circulação de produtos adulterados, a recomendação é redobrar a atenção e notificar imediatamente qualquer suspeita de comércio irregular às autoridades sanitárias locais.
Com a chegada de novas remessas e a inclusão do fomepizol, o Brasil fortalece a rede de proteção contra um dos venenos mais perigosos presentes em bebidas clandestinas. O esforço conjunto entre governos, profissionais de saúde e sociedade é crucial para garantir que o antídoto contra intoxicação por metanol esteja sempre ao alcance de quem dele precisar.












