Mais de 1500 tiros. Essa foi a quantidade de disparos feitos por agentes da Polícia Militar (PM) em uma operação realizada no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no fim de semana passado.
Os números da ação, que culminou em mortes, foram revelados pelo programa “Fantástico”, da “TV Globo”, que detalhou que a operação começou depois que, no dia 20 deste mês, o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, de 40 anos, foi morto ao ser baleado no Salgueiro.
Conforme explica a PM, a morte do policial foi registrada enquanto ele estava realizando um patrulhamento de rotina pela região. Em dado momento, ele foi abordado por criminosos e atacado.
Depois da morte do agente, as equipes Charlie e Delta do Bope, tropa especial da PM do Rio, começaram uma operação que só terminou no dia seguinte, com relatos de corpos encontrados em um manguezal, nos fundos da favela
Em entrevista ao “Fantástico”, o defensor público Daniel Lozoya destacou que o fato de as pessoas mortas terem ou não antecedentes criminais não diz nada sobre a legitimidade da ação policial. “A gente percebe que houve graves irregularidade ali na ação policial, como a não comunicação da ocorrência na Delegacia de Homicídios por parte da Polícia Civil”, afirma o defensor.
A fala dele acontece porque, de acordo com as equipes do Bope que participaram da ação, os disparos de arma de fogo só foram efetuados após todos os outros recursos terem acabado. “O uso da arma de fogo foi o último recurso, porém de extrema necessidade, em função do poder bélico dos criminosos, e que não tinham informações sequer de feridos”, informou o Bope.
Durante a matéria do programa da emissora carioca, constatou-se que 22 agentes, juntos, efetuaram o total de 1514 tiros, em uma ação que durou mais de 30 horas, ou seja, matematicamente falando, foi disparado um tiro a cada um minuto e 20 segundos.
Possíveis executores
Um outro registro, ainda segundo o “Fantástico”, mostrou que a Polícia Civil, que investiga o caso, só tomou conhecimento dos corpos encontrados no manguezal cerca de 14 horas depois da ação da PM.
Segundo moradores, as vítimas foram executadas pelos agentes em uma suposta vingança pela morte de um colega de farda. Por conta disso, a Polícia Civil investiga se as mortes fizeram parte de uma “operação-vingança”, fenômeno que não é raro de se acontecer e aumenta em até quatro vezes, segundo pesquisas, a chance de uma pessoa ser morta na mesma região do óbito.
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