Segundo estudo da Associação Médica Brasileira (AMB), 87,3% dos médicos no Brasil foram infectados pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, nos últimos dois meses, período em que foi observada uma explosão de casos provocada pela variante Ômicron.
Entre os dias 21 e 31 de janeiro, a pesquisa da AMB ouviu mais de 3,5 mil profissionais da saúde, de acordo com informação dada hoje (3) durante coletiva de imprensa. A margem de erro do resultado de 87,3% de médicos que contraíram Covid-19 é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Além de apontar a alta taxa de positividade entre médicos, o estudo indica que a explosão de casos da variante Ômicron afetou também a saúde mental dos profissionais. Isso porque mais da metade dos entrevistados (51,6%) relataram que estão apreensivos e esgotados no momento atual da pandemia de Covid-19 no Brasil. A pesquisa ainda aponta que seis a cada dez médicos estão sobrecarregados e com exaustão emocional.
“Esses dados mostram o que já é fácil de se intuir. Depois de tanto tempo de pandemia, existe um esgotamento e uma sobrecarga dos colegas na linha de frente contra a doença. A sociedade em geral está exausta com a pandemia e isso não é diferente entre os médicos”, destacou César Eduardo Fernandes, presidente da AMB.
Em entrevista à CNN Brasil, o médico e coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, André Gasparoto, confirmou rápido crescimento no número de casos de Covid-19 entre profissionais de saúde.
“Eu coordeno cerca de 70 médicos e, até o momento, somente eu não fui contaminado pela Covid-19. É um número gigantesco de profissionais de saúde que foram infectados, principalmente o que estão nas UTIs das unidades de saúde”, afirmou.
Médicos reprovam gestão da pandemia de Covid-19 pelo ministro da Saúde
Outro ponto que chamou atenção na pesquisa da AMB é que 72% dos médicos reprovam a gestão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
“Acho que exauriu a nossa paciência. Os médicos estão muito cansados dessa maneira de ser do atual ministro, essa dubiedade, uma hora querendo agradar os médicos, outra hora querendo agradar a sua chefia, não tem um pensamento linear”, disse o presidente da Associação Médica Brasileira.