Nesta segunda-feira (29), o diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou que o alerta provocado pela descoberta da variante Ômicron nos lembra que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou.
“É mais uma lembrança de que embora alguns possam pensar que a covid-19 acabou, não acabou. Continuamos vivendo em ciclos de pânico e esquecimento nos quais podemos perder ganhos duramente conquistados”, disse Tedros na abertura de uma reunião da OMS para negociar um tratado de preparação para futuras pandemias.
Segundo Tedros, a África do Sul e Botswana, primeiros países a reportarem casos da variante Ômicron, “devem ser parabenizados por isso, e não penalizados”, criticando o fato de diversas nações terem imposto barreiras para viajantes vindos de alguns países africanos.
“O sistema atual desincentiva que os países alertem outros para potenciais ameaças”, ressaltou Tedros. Na avaliação dele, “isso mostra que o mundo precisa de um novo acordo de preparação para uma pandemia”.
Embora a OMS tenha dito que a variante Ômicron representa um “risco alto”, Tedros disse que ainda não é possível saber se a cepa tem maior poder de transmissão ou letalidade. De acordo com ele, “cientistas de todo o mundo estão trabalhando 24 horas por dia para responder a estas questões”.
OMS critica má distribuição de vacinas contra Covid-19
Como ocorreu diversas vezes durante a pandemia, o diretor da OMS criticou a desigualdade na distribuição de vacinas contra Covid-19, afirmando que “80% das doses do mundo foram para os países do G20”.
“Os países de baixa renda, sobretudo na África, mal receberam 0,6% de todas as vacinas”, lamentou o diretor. Mais de cem países ainda não conseguiram vacinar mais de 40% da população, que era um objetivo que a OMS queria alcançar antes do final do ano.
“Compreendemos que cada governo tem a responsabilidade de proteger o seu povo, isso é natural, mas a igualdade na distribuição de vacinas não é uma caridade, é do interesse de todos os países porque nenhum país pode sair desta pandemia sozinho”, argumentou Tedros.
“Enquanto a desigualdade nas vacinas continuar, o vírus terá oportunidades de se propagar e evoluir de formas que não podemos prever ou prevenir”, completou o diretor da OMS.