De acordo com o secretário-executivo da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Gilberto Perre, falta coordenação do governo federal na vacinação infantil contra Covid-19.
Segundo ele, os municípios brasileiros estão prontos para imunizar as crianças de 5 a 11 anos, entretanto, falta agilidade na entrega de doses pediátricas pelo Ministério da Saúde, além de faltar também uma campanha federal unificada pró-vacinação.
Em entrevista ao portal UOL publicada ontem (18), o representante da FNP comentou sobre o estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) que indica que 80% dos pais brasileiros têm intenção de vacinar os filhos contra Covid-19. Perre vê o número com preocupação, pois 20% ainda é um percentual grande, na avaliação dele.
“Não sei se é motivo de comemoração ou de lamentação os 20% dos pais que disseram que têm dúvida e não sabem se vão levar [os filhos para vacinar]”, disse.
“Pessoas de 50 ou 60 anos tiveram colegas de infância que infelizmente foram acometidos pela paralisia infantil. Havia confiança na vacinação na década de 1970, com uma tecnologia muito mais rudimentar do que é hoje. Então, é pouco razoável que nós tenhamos esse montante bastante expressivo de 20% de pais em dúvida”, acrescentou o secretário da FNP.
Com a ausência de uma campanha federal unificada promovendo a vacinação infantil, Perre disse que as prefeituras estão tendo que realizar um “trabalho de convencimento de pais” sobre a imunização de crianças.
“[Falta] uma coordenação nacional do ponto de vista propositivo, como uma campanha pró-vacinação, e atos mais claros do governo federal, assim como já têm em estados e municípios, a favor da vacinação para o convencimento de pais e responsáveis”, defendeu.
Falta de coordenação federal gera diferentes critérios para vacinação infantil
Já que não existe uma campanha unificada ou critérios definidos pelo Ministério da Saúde para a vacinação infantil, cada município acaba tendo que definir os próprios critérios, causando diferenciação entre uma cidade e outra.
“Se tivéssemos uma coordenação nacional mais efetiva, os critérios [de imunização infantil] poderiam ser mais homogêneos. Tem município vacinando crianças de 10 e 11 anos com comorbidades, mas outros não. Outros, vacinam sem levar em consideração comorbidades ou só meninas, por exemplo. É uma confusão. A informação dessa forma dificulta o papel dos municípios em dialogar com a população.”