Nesta terça-feira (06), em entrevista ao jornal Estadão, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que não há necessidade de uma terceira dose de reforço da vacina contra Covid-19, pois a prioridade no momento deve ser imunizar toda a população, inclusive crianças e adolescentes.
Outros países, como a Inglaterra, debatem sobre a necessidade de reforçar a imunização de quem se vacinou no começo do ano. Na avaliação de Covas, o Brasil ainda não está no mesmo estágio de combate à Covid-19.
“Aqui o desafio ainda é vacinar a população em geral. Depois disso, aí sim vai poder pensar na dose de reforço e na população infantil e adolescente que também, necessariamente, terá de ser incluída”, falou. Para Covas, a imunização contra a doença é urgente. “O estudo da Federal do Rio Grande do Sul mostra que, se a vacinação tivesse começado um mês antes, teríamos salvo 46 mil vidas”, completou.
Apesar de não ver necessidade de aplicar uma terceira dose da vacina contra Covid-19 ainda este ano, Dimas Covas prevê que a população terá que ser anualmente imunizada contra a doença por pelo menos mais dois ou três anos.
Covas rebate críticas de Bolsonaro à CoronaVac
Durante a entrevista, o diretor do Instituto Butantan, responsável pela vacina CoronaVac no Brasil, também comentou a recente polêmica envolvendo o governo Bolsonaro e o imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionou a eficácia da CoronaVac, mesmo sem qualquer embasamento científico.
Dimas Covas rebateu as críticas, citando o estudo conduzido pelo Instituto Butantan em Serrana (SP), que teve toda a população adulta imunizada com a CoronaVac e viu o número de mortes por Covid-19 despencar em 95%.
“Recentemente fizemos estudo em Serrana, esse um estudo de eficiência, com mais de 95% da população adulta vacinada”, falou. “Um desempenho excelente. Isso vem corroborando com dados de estudos de eficiência não controlados e a queda dos óbitos na população com mais de 60 anos, majoritariamente vacinada com a CoronaVac”, completou.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a insinuar que o ministério descartaria o uso do imunizante envasado pelo Butantan com insumos vindos da China. No entanto, Dimas Covas disse que isso não está mais sendo debatido.
“Pelo contrário, solicitaram que se adiantasse fornecimento e eventualmente se acrescentasse o adicional de 30 milhões de doses, que não respondemos porque temos compromissos com o Estado”, informou Covas.