O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a filha Laura, de 11 anos, não será vacinada contra a Covid-19, contrariando a recomendação de especialistas da área de saúde, que defendem a imunização infantil como principal forma de proteger os pequenos contra o novo coronavírus.
A declaração do presidente foi dada em viagem a São Francisco do Sul, em Santa Catarina, onde Bolsonaro passará o final de ano com a família. “Espero que não haja interferência do Judiciário. Espero. Porque minha filha não vai se vacinar. Deixar bem claro. Tem 11 anos de idade.”, disse o presidente.
Sem apresentar qualquer embasamento, Bolsonaro ainda afirmou que “o mundo ainda tem muita dúvida” sobre a vacinação infantil. No entanto, diversos países, como Estados Unidos, Chile, Israel, Alemanha, Argentina, Canadá e França, aplicam vacinas contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
“A questão da vacina para criança é muito incipiente ainda. Temos muito… Nós, não. O mundo ainda tem muita dúvida.”, afirmou Bolsonaro.
Especialistas defendem vacinação infantil contra Covid-19
Na contramão das falas do presidente, na sexta-feira (23), cerca de 80 especialistas da área de Saúde elaboraram um documento em defesa da vacinação infantil contra Covid-19. “Dados publicados demonstram que crianças têm risco de desenvolver quadro clínico grave de covid-19, mesmo as que não apresentam comorbidade ou imunocomprometimento”, diz o texto.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um parecer a favor da imunização de crianças de 5 a 11 anos.
“Ao contrário do que afirmou recentemente o ministro da Saúde, o número de hospitalizações e de mortes motivadas pela covid-19 na população pediátrica, de forma geral, incluindo o grupo de crianças de 5-11 anos, não está em patamares aceitáveis. Infelizmente, as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo”, declarou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“Até o momento, a covid-19 vitimou mais de 2.500 crianças de zero a 19 anos, sendo mais de 300 delas confirmadas no grupo de 5-11 anos, causando ainda milhares de hospitalizações”, acrescentou a entidade.
A própria secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, também afirmou que a vacina infantil é segura.