Você faz esmalte em gel toda semana para garantir unhas impecáveis? A partir de 1º de setembro de 2025, essa rotina ganhará um novo capítulo: a União Europeia proibirá o TPO, principal fotoiniciador responsável pela durabilidade do produto. A decisão reacende o debate sobre segurança química e coloca em evidência o que salões e consumidores brasileiros precisam saber para continuar usando o serviço sem colocar a saúde em risco.
O que levou a União Europeia a banir o TPO
Em maio de 2024, agências reguladoras europeias classificaram o TPO (óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina) como substância CMR 1B, ou seja, potencialmente cancerígena, mutagênica e tóxica para reprodução. Testes em animais sugerem prejuízos à fertilidade e ao desenvolvimento fetal, o que motivou a Resolução (UE) 2024/1975:
- Proibição da venda de produtos cosméticos com TPO após 01/09/2025.
- Retirada imediata de estoques em salões de beleza e distribuidores.
- Fiscalização para coibir importação paralela.
“A prioridade é eliminar um risco evitável, já que existem fotoiniciadores menos agressivos no mercado”, declarou a comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides.
Embora esmalte em gel continue permitido no Brasil e nos Estados Unidos, a medida europeia pressiona fabricantes globais a reformular linhas e rever rotulagens.
Como o esmalte em gel funciona e onde o TPO entra
O sucesso do esmalte em gel se explica pela polimerização: uma reação que transforma o produto líquido em uma camada rígida após exposição à luz LED ou UV. O TPO e outros fotoiniciadores absorvem essa radiação, liberam radicais livres e aceleram a cura do material em segundos, entregando brilho intenso e resistência por até três semanas.
Na prática, a manicure aplica:
- Camada de base
- 2 a 3 camadas de cor
- Top coat selante
Cada fase passa de 30 a 60 segundos na cabine UV. Sem o fotoiniciador, o gel não endurece, descasca e perde a principal vantagem competitiva — daí a dependência de compostos como o TPO.
Riscos à saúde associados ao uso frequente
Além do alerta reprodutivo emitido pela UE, outros pontos preocupam dermatologistas e toxicologistas:
- Radiação UV: exposição repetida pode acelerar o envelhecimento cutâneo e aumentar o risco de câncer de pele.
- Afinamento da lâmina ungueal: lixar a superfície antes da aplicação enfraquece a unha natural.
- Infecções por Pseudomonas: quando o gel descola, cria-se um ambiente úmido para bactérias que geram manchas verdes.
- Ptalatos e formaldeído: usados em algumas fórmulas, estão ligados a disfunções hormonais e alergias.
Um estudo da Universidade de Stanford (2023) mostrou que 20 minutos em cabine UV podem gerar mutações equivalentes a um dia inteiro de sol forte sem protetor. Já a Sociedade Brasileira de Dermatologia observa aumento de dermatites de contato em pacientes que mantêm esmalte em gel por ciclos consecutivos.
Impacto para consumidoras e salões brasileiros
No Brasil, a Anvisa ainda não restringe o TPO, mas profissionais devem se antecipar para evitar prejuízos regulatórios e, sobretudo, proteger clientes. Veja boas práticas:
- Pergunte ao fornecedor se a linha contém TPO e solicite FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico).
- Amplie o intervalo entre aplicações — recomenda-se 3 a 4 semanas sem gel a cada três ciclos.
- Use luvas com proteção UV que deixam apenas a ponta dos dedos exposta.
- Mantenha cabines LED e UV calibradas, trocando lâmpadas conforme indicação do fabricante.
- Faça a remoção profissional, evitando arrancar o gel em casa, o que danifica a queratina.
Consumidoras grávidas, em tratamento de fertilidade ou com histórico de alergia devem evitar o procedimento até obter liberação médica.
Alternativas seguras e tendências para 2025
Com a pressão europeia, marcas já correm para lançar fórmulas esmalte em gel “TPO free”. Entre os fotoiniciadores substitutos estão o TPO-L e o BAPO, menos reativos e com melhor perfil toxicológico. Além disso, cresce a oferta de:
- Géis híbridos que curam sob LED de baixa energia.
- Esmaltes tradicionais de longa duração com base fortalecedora.
- Sistemas “press-on” reutilizáveis, que dispensam lixamento e radiação.
Para quem prefere manter o gel, a Associação Brasileira de Cosmetologia recomenda:
- Aplicar filtro solar FPS 50 nas mãos 20 minutos antes da cabine.
- Hidratar cutículas diariamente com óleo vegetal.
- Inspecionar as unhas semanalmente e interromper o uso se notar descamação ou alteração de cor.
Com informação e escolhas conscientes, é possível equilibrar estética e saúde. A tendência é que, até 2026, o mercado brasileiro ofereça versões reformuladas, alinhadas às normas europeias, permitindo que o esmalte em gel permaneça no topo das preferências sem comprometer o bem-estar das consumidoras.











