Um levantamento publicado nesta terça-feira (23) mostrou que três a cada sete mulheres, isto é, 30%, afirmam já terem sofrido ameaças de morte vindas de companheiros ou ex – este número equivale a 25,7 milhões de brasileiras.
A pesquisa, intitulada “Percepções da população brasileira sobre feminicídio”, realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva com apoio do Fundo Canadá, mostrou que 90% das brasileiras considera que o local de maior risco de assassinato para as mulheres é dentro de casa, por um parceiro ou ex-parceiro.
De acordo com os dados, 57% das mulheres afirmaram que, após as agressões, terminaram o relacionamento, enquanto 34% denunciaram à polícia e 12% não tomaram nenhuma atitude.
Ao todo, participaram da pesquisa 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens), com 18 anos de idade ou mais, entre 22 de setembro e 6 de outubro de 2021 em todo o país. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.
Em entrevista ao portal “G1”, Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, disse que a pesquisa revela que o feminicídio é um tema que mobiliza a população.
De acordo com ela, além de mostrar que a população possui um alto grau de compreensão sobre a gravidade do feminicídio no Brasil e avalia que o problema tem aumentado nos últimos cinco anos, a pesquisa revela também que as ameaças de morte e tentativas de feminicídio fazem parte do cotidiano de uma parcela significativa das brasileiras.
“Se fizermos uma projeção, são mais de 25 milhões de brasileiras ameaçadas e quase 14 milhões que já foram vítimas de tentativa de feminicídio”, completou.
Mulheres mortas
No ano passado, o Brasil teve um número recorde de feminicídio. Foram 1.350 mulheres mortas, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os números deste ano ainda não estão disponíveis.
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