Em coletiva de imprensa nesta segunda (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a mutação indiana do coronavírus chamada de B1617 é uma “variante de preocupação em nível global” por conta do maior poder de transmissibilidade.
Com a reclassificação, a variante indiana se une às mutações identificadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil em uma lista com de variantes que representam maiores ameaças, o que significa que ela tem potencial de afetar outros países e atrapalhar o combate ao coronavírus fora da Índia.
A OMS também alerta que, apesar de a pandemia ter deixado de crescer pela primeira vez em dois meses, o número de mortes e casos de Covid-19 seguem “inaceitavelmente elevados”, com cerca de 90 mil óbitos e 5,4 milhões de infecções por semana. Em comparação, há mais de dois meses, eram registrados cerca de 2 milhões de casos semanalmente.
“Vimos uma queda em todas as regiões, inclusive nas Américas. Qualquer queda em números é bem-vinda. Mas já vimos isso antes. Vimos como reaberturas aceleradas fizeram com que ganhos fossem perdidos”, disse Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
OMS destaca países que controlaram o avanço do coronavírus
Países como China, Austrália e Nova Zelândia, que controlaram o avanço do coronavírus em seus territórios, já realizam eventos com presença de público, enquanto a maioria das nações ainda luta para vencer a pandemia.
“Esses são os benefícios do controle do vírus”, disse Mike Ryan, diretor de operações da OMS. “São locais que fizeram enormes sacrifícios e agora colhem os frutos. Não foi a vacina que gerou esse controle. Mas as escolhas que agora dão resultados”, disse.
Segundo Tedros, governos e indivíduos precisam analisar os riscos que a volta do contato entre pessoas pode representar. “Qualquer contato é risco”, afirma o diretor-geral da OMS. Ele ainda diz que tanto no inverno quanto no verão existe o risco do aumento de aglomerações. “Ambos os cenários geram diferentes riscos”, indicou.
OMS critica “diplomacia da vacina” contra o coronavírus
A OMS criticou a “diplomacia da vacina” usada por países como China, Rússia, Estados Unidos e Índia para garantir alianças política e ampliar a influência. “Diplomacia de vacinas é manobra geopolítica. Não é cooperação”, apontou Tedros.
“Só a cooperação poderá acabar com pandemia. Não podemos derrotar o vírus por meio de competição, seja ela uma competição por recursos ou vantagens políticas”, disse Tedros. “A escolha é clara: cooperação”, defendeu.